Viúva do atirador da discoteca Pulse declarada inocente

A mulher do homicida da discoteca Pulse, que matou 49 pessoas e feriu 53 em 2016, estava acusada de ter mentido ao FBI e de ter ajudado a planear o ataque. A defesa conseguiu provar que tem QI baixo e é facilmente manipulável e ilibá-la.

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Em 2016, Omar Mateen fez 49 mortos e 53 feridos num ataque à discoteca LGBTI Pulse, em Orlando
A discoteca LGBTI, Pulse, em Orlando
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Quando entrou no Pulse, Mateen trocou tiros com 11 agentes do corpo de intervenção da polícia. Foi morto pelas autoridades no rescaldo ao ataque Reuters/STEVE NESIUS
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A viúva de Omar Mateen, o homicida da discoteca Pulse que em 2016 fez 49 mortos, foi absolvida esta sexta-feira. Noor Salman, 31 anos, estava acusada de ter mentido ao FBI durante a investigação ao tiroteio e de ter ajudado o marido a planear o ataque. Se tivesse sido considerada culpada, a mulher ia ser condenada a prisão perpétua. Omar Mateen, cidadão norte-americano de origem afegã, protagonizou o mais mortífero ataque da História dos EUA, quando, a 12 de Junho de 2016, entrou a matar na discoteca gay Pulse, em Orlando, na Florida. Trocou tiros com 11 agentes do corpo de intervenção da polícia e matou 49 pessoas, ferindo 53, depois de ter prestado juramento ao Estado Islâmico – num telefonema feito para o 112, momentos antes do ataque. Foi abatido pelas autoridades no rescaldo do ataque.

Na acusação, os procuradores norte-americanos afirmaram que Salman e Omar Mateen escolheram o local do ataque juntos (entre as opções estaria o centro comercial do Disney World) e que ela sabia que estava a comprar munições para a semi-automática AR-15 do marido durante a preparação do ataque. 

Diziam os advogados de defesa que Noor Salman era uma mulher facilmente manipulável, com um QI baixo. Salientaram também que Salman sofria de abusos (à semelhança da ex-mulher do atacante), que o marido a traía várias vezes e que lhe ocultava partes relevantes da sua vida. De acordo com os advogados de Salman, não havia razões para que Mateen confiasse a Salman os detalhes da preparação ao ataque.

O advogado de defesa, Charles Swift, afirmou que não era possível que Salman soubesse que Mateen ia atacar a discoteca Pulse porque nem ele sabia que a ia atacar. O plano de Mateen era atacar o centro comercial da Disney – onde esteve horas antes do ataque à discoteca Pulse, tal como mostram as imagens das câmaras de segurança do centro comercial, com uma arma escondida num carrinho de bebé e a ser seguido por vários seguranças. Terá sido por causa disso que o atacante mudou de planos, tendo escolhido atacar a discoteca LGBTI. 

“É uma matança horrível, aleatória e insensata, perpetrada por um monstro”, disse Swift, de acordo com o Washington Post, “mas não foi planeada.” “Se ele não sabia, ela também não.” Escreve o NY Times que o colectivo de juízes do Tribunal Distrital da Florida deliberou durante mais de 12 horas antes de chegar a um veredicto. 

As declarações de Noor Salman ao FBI, horas depois do ataque, foram de extrema importância para este desfecho. Quase nada batia certo: Noor disse que o marido não usava Internet em casa, mas usava; que não tinha Facebook, mas tinha; que só tinha uma arma quando na verdade tinha três. Noor referiu que “nos últimos dois anos” Omar lhe tinha falado "sobre a jihad" e que consumia conteúdo do Estado Islâmico, mas que não estava radicalizado. Mateen jurou lealdade ao Estado Islâmico numa chamada para o 112, momentos antes de entrar no Pulse.

Os advogados também defenderam que o FBI coagiu Noor Salman a responder e a assinar o seu depoimento ainda que a mulher se mostrasse cansada e tivesse medo de perder o filho pequeno, razão pela qual o assinou. Alegadamente, o FBI inquiriu Salman durante mais de 11 horas, sem a presença de um advogado.

"Ela era suspeita e eles queriam uma confissão — só que ela estava a negar saber de alguma coisa", disse Swift, citado pelo NY Times.

No dia do ataque

Noor Salman passou o dia do ataque em casa. As últimas mensagens trocadas entre o casal mostram que Noor Salman não estava ao corrente dos planos do marido. “Sabes que tens de trabalhar amanhã”, escreveu Salman. “Sabes o que aconteceu?”, respondeu Omar. “O que aconteceu?”, devolveu Noor. “Amo-te, bebé”, escreveu, por último, o atacante.

Omar esteve duas vezes no radar do FBI por suspeitas de ligações a terrorismo. Uma primeira sinalização aconteceu em 2013, quando Omar fez comentários agressivos a colegas que sugeriam afinidade a grupos islâmicos. 

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