Choveu dentro das Belas-Artes, mas faculdade não tem dinheiro para obras

Director diz que foi um “acontecimento pontual” causado pelas chuvas fortes. Há planos de reabilitação mas sem data para terem início.

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Adriano Miranda

Foi na quarta-feira de manhã que os alunos da Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto (FBAUP) deram de caras com a sua oficina de pintura parcialmente inundada devido à chuva forte que se fez sentir no dia anterior. A denúncia foi feita através da página do Facebook da Associação de Estudantes desta faculdade, que até ao momento não se mostrou disponível para prestar declarações adicionais. Na publicação, onde existem cinco fotografias a comprovar o sucedido, lê-se (e vê-se) que existia “água das chuvas por todo o chão e em várias das telas”.

José Carlos Paiva, o director da FBAUP, sublinha que o Pavilhão de Escultura, onde tudo ocorreu, é “um edifício dos anos 50”, sendo “normal que aconteçam” infiltrações na parede. A inundação, contudo, foi uma situação única. “O sistema de drenagem não aguentou o fluxo da água e esta introduziu-se no edifício”, explica o director da faculdade, que culpa a extraordinária quantidade de chuva que caiu naquele dia. “Tem chovido depois e o edifício aguenta. [A inundação] foi fruto deste acontecimento pontual.”

Tendo garantido já o regresso à normalidade, através de uma colaboração entre alunos e funcionários, José Carlos Paiva refere que as obras de reabilitação no edifício já estavam talhadas mas a data para a sua concretização é ainda um mistério. A 2 de Dezembro de 2017, o PÚBLICO noticiava que a faculdade estava à espera do resultado (e consequente financiamento) do concurso da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N). Entretanto, soube-se que o projecto não foi aceite e a pasta passou para a Universidade do Porto, com quem esta faculdade ficou de trabalhar de forma a encontrar orçamento para a realização do projecto de reabilitação já feito e licenciado.

A situação orçamental do estabelecimento de ensino, explica José Carlos Paiva, resulta das “restrições orçamentais nas transferências do Governo para as universidades”. Para esta obra apenas, o director afirma serem necessários 2 milhões de euros. O plano resolve os problemas de acessibilidade, inclui os sistemas de circulação de ar e de emergência e, ainda, um sistema integrado de aquecimento.  

Admitindo não ser adepto de remediar situações pontuais, José Carlos Paiva diz pretender “uma intervenção mais eficaz”. “Com as pequenas coisas vamos gastando o dinheiro que temos, por isso é que devemos dar asas a uma reabilitação estrutural.” Ainda assim, sublinha que existe uma equipa de manutenção na faculdade, que assegura as condições para um bom funcionamento das actividades lectivas.

Mas os projectos da FBAUP não ficam por aqui. O segundo plano de obras compreende a construção de um novo edifício, num terreno vizinho à escola, que a Universidade do Porto adquiriu com o objectivo de resolver, a longo prazo, a falta de espaço. O projecto já está a ser desenhado.

José Carlos Paiva refere ter “esperança” que a verba seja disponibilizada embora reconheça que nada está garantido.

Texto editado por Ana Fernandes

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