O líder da extrema-direita italiana, Matteo Salvini, disse que um acordo de governo entre o seu partido, a Liga, e a formação anti-sistema e eurocéptica Movimento 5 Estrelas, é possível. Abriu caminho à possibilidade de a Itália ser governada por dois partidos radicais.

A eleição de 4 de Março não produziu uma maioria nem de um partido nem de um bloco político. O Presidente italiano, Sergio Mattarella, vai começar para a semana consultas com vista à constituição de um executivo na terceira maior economia da Europa. 

"Desde que não seja o PD, tudo é possível", disse Salvini ao jornalista do diário La Stampa que lhe perguntou directamente sobre uma coligação com o partido de Luigi di Maio.

O Partido Democrático, liderado por Matteo Renzi, saiu derrotado das eleições após cinco anos no governo. Renzi demitiu-se de líder do partido e anunciou que a formação de centro-esquerda passava à oposição.

"Não acordo de manhã a dizer a mim próprio que vou para o governo", disse Salvini. "Mas quero manter-me fiel aos eleitores. Nas próximas semanas, trabalhamos para encontrar uma maioria mas nela não posso incluir Renzi e Gentiloni [o primeiro-ministro que cessa funções]. Com excepção do PD, tudo é possível".

Luigi di Maio, que como Salvini reivindica ser indigitado para tentar formar governo, disse apenas: "Não vamos demorar tanto tempo como a Alemanha". Neste país, decorreram praticamente seis meses entre as eleições e a tomada de posse do Governo de coligação entre os democratas-cristãos de Angela Merkel e os sociais-democratas.