Berlusconi aprova Governo liderado por Salvini

Líder da Força Itália vai honrar acordo pré-eleitoral com a Liga e apoiar executivo chefiado pelo partido de extrema-direita.

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Silvio Berlusconi EPA

Silvio Berlusconi vai dar luz verde a um Governo liderado pela Liga e com Matteo Salvini como seu primeiro-ministro. Numa entrevista publicada esta quarta-feira no Corriere della Sera, o líder da Força Itália (FI) prometeu respeitar o acordo pré-eleitoral da direita italiana, que determinava que a liderança de um eventual Governo recairia no partido que lograsse mais votos nas eleições do passado domingo.

O partido xenófobo e eurocéptico que nasceu da Liga Norte – uma plataforma política regionalista e com ambições soberanistas – agregou 17,4% das preferências dos eleitores, ao passo que a FI ficou-se pelos 14%. Com os restantes parceiros da coligação – os Irmãos de Itália (4,3%) e o Nós com Itália (1,3%) – a direita conseguiu 37% dos votos, suplantando a percentagem do partido mais votado, o anti-sistema Movimento 5 Estrelas (32,7%)

Na ressaca do acto eleitoral italiano, Salvini já se tinha apoiado naqueles números para reclamar o direito de liderar um Governo de coligação, reivindicação essa que recebeu agora o aval do polémico ex-primeiro-ministro.

“Em total respeito com os nossos acordos, vou apoiar lealmente os esforços de Salvini para formar Governo. Estou aqui para o apoiar, para assegurar a solidez da coligação e para preservar os nossos compromissos com os eleitores”, afiançou Berlusconi.

As garantias dadas esta quarta-feira pelo histórico político de 81 anos em relação à liderança do presumível executivo de direita acabam com as dúvidas alimentadas pelo próprio na noite do dia anterior. Numa mensagem vídeo divulgada na terça, um Berlusconi visivelmente abatido deu os parabéns à Liga, mas exigiu, ainda assim, protagonismo nos próximos passos a dar pela coligação. 

“Estou muito feliz por Salvini e pela Liga (…) Mas continuo a ser o líder da Força Itália, o director da coligação de centro-direita e a garantia de que esta se mantém compacta”, tinha avisado Silvio Berlusconi.

Tajani mantém-se Parlamento Europeu

Impedido pela justiça italiana de ocupar cargos públicos até 2019, devido a uma condenação por fuga de impostos, Berlusconi tinha apontado o nome de Antonio Tajani para o cargo de primeiro-ministro, em caso de vitória da coligação, com a Força Itália à cabeça.

Ora, face ao resultado pouco conseguido da FI, o actual presidente do Parlamento Europeu – sucedeu a Martin Schulz no cargo em Janeiro do ano passado – veio agora jurar amor eterno à câmara europeia, dizendo mesmo que essa foi sempre a sua prioridade durante toda a campanha eleitoral em Itália.

“Numa fiz campanha e pus sempre o interesse do Parlamento Europeu à frente de tudo o resto”, afirmou Tajani à rádio Gr1 Rai. “Pretendo continuar a ser o seu presidente”, comunicou.

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