Instagram censura denúncia de corrupção que envolve vice-primeiro-ministro russo

A rede social controlada pelo Facebook acedeu ao pedido de regulador russo. Em causa está uma denúncia de corrupção feita por Navalni e que envolve o vice-primeiro-ministro da Rússia.

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Vídeos foram partilhados por Alexei Navalny, um dos nomes mais importantes da oposição a Putin LUSA/EVGENY FELDMAN FOR ALEXEI NAVALNY'S CAMPAIGN HANDOUT

O Instagram bloqueou conteúdo partilhado por um dos principais membros da oposição do Governo da Rússia a pedido de Moscovo. Em causa está um conjunto de fotos e vídeos que denunciam um alegado caso de corrupção que envolve o vice-primeiro-ministro russo, Sergei Prikhodko, e o bilionário Oleg Deripaska.

As imagens de ambos num iate foram partilhadas pelo membro da oposição Alexei Navalni no Youtube na última semana. O vídeo de 25 minutos reúne acusações dirigidas ao vice-primeiro-ministro por estar, alegadamente, a beneficiar da generosidade do multimilionário.

Até agora conta mais de cinco milhões de visualizações. O conteúdo foi partilhado também no Instagram. Descontente com as partilhas, o bilionário Oleg Deripaska exigiu que as imagens fossem eliminadas, mas Navalni recusou, alegando que são provas de corrupção. Mas o regulador russo da comunicação social ordenou a retirada, com base numa decisão judicial que considerou que o conteúdo partilhado violava a privacidade do magnata russo. Caso o YouTube e Instagram se recusassem a apagar o conteúdo até esta quarta-feira corriam risco de serem banidos do país, conta a BBC.

Enquanto o YouTube se mostrou irredutível e recusou apagar o conteúdo, o Instagram obedeceu e bloqueou as publicações.

 A denúncia foi feita por Navalni através do Twitter. “O Instagram decidiu aceder ao pedido de censura ilegal da Rússia e apagou algum do conteúdo sobre o oligarca Deripaska. Tem vergonha, Instagram. Este conteúdo foi destacado pela nossa investigação ao caso de corrupção”, lê-se na mensagem escrita em inglês.

A retirada do conteúdo foi também confirmada por uma porta-voz da rede social, em declarações à BBC. “Quando um governo acredita que algo viola a sua lei nacional, pode contactar as empresas e pedir-nos para bloquearmos o acesso a esse conteúdo”, justificou. A porta-voz sublinhou a transparência da empresa sobre as restrições feitas a pedido dos governos.

Já nesta quinta-feira, as autoridades russas bloquearam também o site do líder da oposição, a um mês da eleição presidencial. O activista já tinha visto a sua candidatura à eleição presidencial de 18 de Março ser proibida pelo Supremo Tribunal porque há um ano foi condenado a cinco anos de prisão. Apesar da decisão, Navalni garantiu que ia continuar em campanha como opositor de Putin. Uma vez que não tem acesso aos canais de televisão, a Internet é o seu veículo para comunicar com o eleitorado. A eliminação das suas plataformas é encarada pela oposição como a continuação de um “boicote” por parte do Kremlin.

Em resposta, o bilionário Deripaska sustenta que as alegações a seu respeito são falsas e afasta acusações de boicote eleitoral. “O pedido do senhor Deripaska visa proteger o direito à vida privada e não tem nada que ver com qualquer combate político entre o senhor Navalni e os seus opositores”, garante o porta-voz de Oleg Deripaska, numa resposta enviada à AFP. “Não tendo sido a fonte principal da fuga de informações privadas, o senhor Navalni não é parte envolvida neste caso. Além disso, a queixa não o impede de realizar a sua própria investigação, na condição de não utilizar informações pessoais do senhor Deripaska”, acrescentou o porta-voz.

Os vídeos terão sido gravados em 2016 por Nastia Ribka, uma modelo que terá sido contratada para ser acompanhante no passeio do vice-primeiro-ministro russo e do bilionário Oleg Deripaska.

Sarah Rainsford, correspondente da BBC em Moscovo, conta que nos últimos tempos a liberdade nas redes sociais na Rússia tem vindo a diminuir. Recentemente, várias pessoas foram detidas por partilharem informações relacionadas com manifestações de apoio a Navalni.

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