Ucrânia deporta ex-Presidente georgiano Saakashvili para a Polónia

Termina, aparentemente, o capítulo ucraniano da saga política internacional de Mikheil Saakashvili, que de aliado do Presidente Poroshenko passou a seu principal opositor.

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As detenções de Saakashvili têm levado centenas de apoiantes para as ruas
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A perseguição judicial a Saakashvili levou centenas de apoiantes seus para as ruas na Ucrânia LUSA/SERGEY DOLZHENKO

O antigo Presidente da Geórgia e ex-governador da região ucraniana de Odessa, Mikheil Saakashvili, foi esta segunda-feira detido em Kiev e deportado para a Polónia, segundo informou o serviço de controlo fronteiriço da Ucrânia, citado pela BBC. As autoridades ucranianas afirmam que o político estava ilegalmente no país, pelo que foi “devolvido ao país de onde veio” — em Setembro de 2017, Saakashvili tinha passado a fronteira da Polónia para a Ucrânia, a pé, com o auxílio dos seus apoiantes. O advogado de Saakashvili qualifica a deportação como um “rapto”.

As autoridades de Varsóvia confirmam que o antigo líder da Geórgia – que se tornou entretanto na principal figura da oposição ao Presidente Petro Poroshenko na Ucrânia, seu antigo aliado – se encontra agora na Polónia.  

Em 2015, o antigo líder georgiano tinha perdido a nacionalidade de origem depois de se ter naturalizado ucraniano, sendo posteriormente nomeado governador da região de Odessa, onde replicou o estilo populista, musculado e anti-russo que tinha marcado a sua longa passagem pelo poder na Geórgia. No entanto, e numa previsível luta de egos, acabou por entrar em conflito com Poroshenko e a nacionalidade ucraniana foi-lhe igualmente removida em Julho de 2017. Saakashvili é agora apátrida.

Tem ainda pendente sobre si um mandado de captura emitido pela Geórgia por suspeitas de abuso de poder e apropriação de fundos, mas o antigo governante declara-se inocente e defende que os processos judiciais têm motivações políticas.

Saakashvili tinha sido detido no início de Dezembro no seu apartamento na capital ucraniana, apenas três dias depois de ter sido libertado com a ajuda de centenas de apoiantes numa primeira tentativa para o prender. Acabou por sair em liberdade, pela segunda vez, dias depois.

Na Ucrânia, e para além de ser acusado de ter entrado e permanecido ilegalmente no país, quando já era apátrida, Saakashvili é ainda suspeito de ter mantido "ligações a grupos criminosos", motivo este que levou a uma ordem de detenção pelo procurador-geral ucraniano, Iuri Lutsenko, em Dezembro de 2017. Apesar disso, passou parte do último ano a promover o seu próprio movimento político no país, acusando Poroshenko de corrupção. Controverso e coleccionando cada vez mais inimigos, não colheu apoios suficientes e é agora empurrado para a Polónia.

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