Ex-Presidente da Geórgia foi detido em Kiev, ameaçou suicidar-se e foi libertado por apoiantes

Mikheil Saakashvili foi detido no seu apartamento, na capital ucraniana, e foi libertado depois de confrontos entre os seus apoiantes e a polícia.

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Depois de ter sido libertado, Mikheil Saakashvili liderou uma marcha até ao Parlamento ucraniano onde exigiu a demissão do Presidente Petro Poroshenko
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Depois de ter sido libertado, Mikheil Saakashvili liderou uma marcha até ao Parlamento ucraniano onde exigiu a demissão do Presidente Petro Poroshenko Reuters/VALENTYN OGIRENKO

O antigo Presidente da Geórgia, Mikheil Saakashvili, foi na terça-feira detido em Kiev e depois literalmente arrancado da carrinha da polícia por um grupo de apoiantes, após cerca de uma hora de confrontos.

O procurador-geral ucraniano, Iuri Lutsenko, emitiu uma ordem de detenção contra Saakashvili, que foi também governador da região de Odessa após ter conseguido a nacionalidade ucraniana, acusando-o de ligações a organizações criminosas estrangeiras que pretendem desestabilizar a Ucrânia.

Vários polícias de cara tapada irromperam pelo apartamento do  acérrimo opositor do Presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko (já forma aliados), em Kiev. Saakashvili fugiu para o telhado do prédio ameaçando saltar, mas foi rapidamente levado pelas autoridades. O que se sucedeu roçou o impensável: centenas dos seus apoiantes juntaram-se, entraram em confrontos com a polícia e soltaram Saakashvili entre cânticos e palavras de ordem.

Iuri Lutsenko decretou Saakashvili um fugitivo, exigindo que se entregue às autoridades.

Depois de ser libertado pelos apoiantes, Saakashvili aproveitou o momento e liderou uma marcha espontânea em direcção ao Parlamento ucraniano, numa manifestação com direito a discurso, onde acusou Poroshenko de ser um “traidor da Ucrânia” e de liderar “um gangue de crime organizado”, pedindo à população que o retirasse da presidência, segundo a comunicação social ucraniana.

Este é mais um episódio na relação cada vez mais deteriorada entre Poroshenko e Saakashvili. O último alcançou a presidência da Geórgia em 2004 na sequência da chamada Revolução Rosa. Manteve-se no cargo até 2013, período durante o qual iniciou profundas reformas e uma luta contra a corrupção, mas foi sendo acusado de deriva autoritária e de tentar liderar um golpe de Estado depois de deixar a presidência. Apesar de negar esta última acusação, o antigo Presidente georgiano ficou sem nacionalidade georgiana e é procurado pelas autoridades do seu país para responder por este crime.

Saakashvili partiu em exílio para a Ucrânia, onde foi recebido de braços abertos por Poroshenko que, para além de lhe ter atribuído a nacionalidade ucraniana, nomeou-o governador de Odessa em 2015. Contudo, Saakashvili abdicou do cargo no ano seguinte, acusando o líder ucraniano de o ter impedido de avançar com reformas e garantindo que iria formar um novo partido para fazer oposição a Poroshenko.

Em Junho deste ano, numa altura em que Saakashvili se dirigiu aos Estados Unidos, Poroshenko retirou-lhe a nacionalidade ucraniana. Semanas depois, o antigo governador de Odessa tentou entrar na Ucrânia e foi julgado por violar as fronteiras, tendo sido obrigado a pagar uma multa. Agora, Saakashvili tornou-se apátrida, anda nas ruas de Kiev a lutar contra o Presidente, com ambições de ser primeiro-ministro (isto porque a sua condição de apátrida não lhe permite ser Presidente), e passou a ser um homem procurado em dois países – na Ucrânia e na Geórgia.

Nas últimas semanas as autoridades ucranianas detiveram e extraditaram para a Geórgia vários apoiantes de Saakashvili. E especula-se agora que o seu destino possa ser o mesmo.

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