PCP defende contribuições proporcionais dos Estados para orçamento da UE

António Costa defende novas fontes de financiamento das instituições europeias a serem criadas com impostos.

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Rui Gaudencio

O Bloco de Esquerda recusa, para já, comentar as propostas de António Costa em matéria de importos europeus, mas o eurodeputado comunista João Ferreira defendeu nesta segunda-feira que o necessário reforço do orçamento da União Europeia (UE) deve ser feito através das contribuições directas e proporcionais dos estados-membros e não de outras novas receitas.

"O reforço do orçamento comunitário deve resultar das contribuições dos estados-membros, tendo em conta o respectivo rendimento nacional bruto, ou seja, os que têm maior riqueza em termos relativos devem contribuir com uma parcela maior. É um pressuposto essencial para que o orçamento tenha a função redistributiva que tem de ter se queremos que contribua para uma efectiva coesão económica e social e não para o aumento das divergências no seio da UE", disse.

O PÚBLICO noticiou nesta segunda-feira que o executivo socialista de António Costa defende novas fontes de financiamento das instituições europeias a serem criadas com impostos sobre plataformas digitais, indústrias poluentes e transacções financeiras internacionais, nomeadamente para o reforço de investimento em segurança e defesa comuns.

"[Deve-se] afastar qualquer intenção de canalizar recursos para áreas associadas ao militarismo, ao desenvolvimento de exércitos ou indústria de armamento como está em cima da mesa em numerosas propostas. Deve servir para apoiar o investimento produtivo em cada país, a criação de emprego e serviços públicos de qualidade", continuou o dirigente comunista.

O Governo português, segundo, apoia também o aumento da participação de 1% para 1,2% do rendimento nacional bruto de cada Estado-membro para fazer face às necessidades financeiras, sobretudo no período pós-Brexit (saída do Reino Unido), tal como defende a Comissão Europeia liderada pelo luxemburguês Jean-Claude Junker.

"Esse aumento deve ser garantido a partir do aumento das contribuições directas de cada Estado para o orçamento e não através de outras, ditas receitas próprias, em que qualquer uma delas pode, directa ou indirectamente constituir receitas nacionais", insistiu João Ferreira.

Para o também vereador lisboeta, "os países não ganham todos por igual com o mercado interno e as políticas comuns, uns beneficiam mais e outros menos" e "é justo que isso se repercuta de forma a que os países com maior rendimento contribuam proporcionalmente mais", pois, "sem a função redistributiva só teremos aumento de divergência, sobretudo desde a adesão ao euro, em lugar de aumentar convergência". 

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