Dylan Farrow alega que o padrasto, Woody Allen, abusou sexualmente dela quando tinha sete anos. A acusação não é nova, mas ressurgiu nos últimos meses, à luz do escândalo de abuso sexual e dos consequentes movimentos #MeToo e Time's Up. Farrow deu a sua primeira entrevista televisiva sobre o tema este mês e vários nomes de peso em Hollywood viraram as costas ao aclamado realizador. Quem não se inclui nessa lista é Diane Keaton, a estrela de dois dos filmes mais aclamados de Woody Allen, Manhattan e Annie Hall.
“Woody Allen é meu amigo e continuo a acreditar nele”, escreveu a actriz de 72 anos no Twitter, partilhando o excerto de uma entrevista concedida por Woody Allen ao programa 60 Minutes, em 1992. O realizador, hoje com 82 anos, sempre negou e continua a negar todas as acusações de abuso sexual que lhe são dirigidas.
Quem também veio em defesa de Woody Allen foi Alec Baldwin, escrevendo nas redes sociais que considera toda esta situação injusta e revelando sentir-se “triste”.
Dylan é uma de dez filhos adoptivos de Mia Farrow (além de quatro biológicos), que teve uma relação séria com o realizador entre 1979 e 1992. Allen viria a casar-se com uma das filhas adoptivas de Farrow, Soon-Yi, na altura com 21 anos.
Durante décadas, as queixas de Dylan foram de forma geral ignoradas por toda a indústria do cinema. “O que não compreendo é como é que esta história doida de eu ter sido alvo de uma lavagem cerebral e treinada [para fabricar uma história de abuso de menores] é mais credível do que o que estou a dizer sobre ter sido atacada sexualmente pelo meu pai”, atira Dylan Farrow na entrevista televisiva.
Um dos irmãos de Dylan, o jornalista Ronan Farrow, foi o autor de uma reportagem publicada no final do ano passado sobre o comportamento predatório de Harvey Weinstein, na revista New Yorker. Há anos que apoia as alegações da irmã.
Dylan Farrow, hoje com 32 anos, tem voltado a tentar fazer-se ouvir recentemente e Hollwood desta vez colocou-se a seu lado. Várias celebridades vieram demonstrar o seu apoio, através de entrevistas e das redes sociais, afirmando acreditar em Dylan. É o caso, por exemplo, de Mira Sorvino – que foi, aliás, uma das mulheres a acusarem Harvey Weinstein de assédio sexual – e Jessica Chastain. Outras, ainda, como Ellen Page, declararam o seu arrependimento por terem no passado trabalhado com Woody Allen.
Em resposta, Allen voltou a negar as acusações. Acusa a “família Farrow” de “usar cinicamente a oportunidade dada pelo movimento Time’s Up”.
