Puigdemont diz que “há vários caminhos” para a investidura

Presidente do parlamento catalão, Roger Torrent, foi até Bruxelas discutir com o ex-presidente da Generalitat as condições para o debate e tomada de posse de um novo governo regional.

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Roger Torrent e Carles Puigdemont reuniram numa sala cedida pela European Free Alliance LUSA/STEPHANIE LECOCQ
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Ex-presidente da Generalitat diz que a "chantagem" de Madrid não está a resultar LUSA/STEPHANIE LECOCQ

O presidente do parlamento catalão, Roger Torrent, e o único candidato à liderança do governo autonómico, Carlos Puigdemont, reunidos esta quarta-feira em Bruxelas, discutiram num “ambiente de total normalidade democrática”, com toda a “tranquilidade” e de “boa fé”, as condições para a realização do debate de investidura — mas não adiantaram nenhuma conclusão quanto à participação do ex-presidente da Generalitat, auto-exilado na Bélgica desde 30 de Outubro, na sessão prevista para 31 de Janeiro em Barcelona.

“A investidura ideal é presencial, mas há outros caminhos e certamente não vamos descartá-los”, declarou Puigdemont, que arrisca a prisão, se regressar a Espanha para ser novamente empossado como líder do governo regional.

O catalão não só não esclareceu quais são os outros caminhos, como não revelou se tenciona ou não apresentar-se no debate do parlament. Apenas assegurou: “Até ao último momento vamos tentar que seja possível que o debate ocorra em condições óptimas.” E lembrou que todos os actores políticos espanhóis estão obrigados a “respeitar o mandato dos cidadãos nas urnas, que foi muito claro e explícito quanto à maioria que [o] propõe como candidato” à presidência da Generalitat.

Era a enésima crítica do dia ao Governo de Espanha, que numa decisão inesperada mandou encerrar a delegação regional da Catalunha em Bruxelas, invocando os seus poderes ao abrigo da aplicação do Artigo 155 da Constituição. Os dois líderes independentistas acabaram por “desviar” a reunião para uma sala cedida pela European Free Alliance, uma organização que reúne diversos partidos nacionalistas europeus, e que em cima da hora teve de acomodar dezenas de jornalistas para uma conferência de imprensa algo caótica.

“Lamento muito as circunstâncias em que estão a ter de realizar o vosso trabalho, mas a delegação da Generalitat foi encerrada por razões absolutamente injustificáveis e que atentam contra a Constituição e a Carta dos Direitos Humanos”, desculpou-se Carles Puigdemont.

Roger Torrent considerou “intolerável” a acção do Governo de Madrid. “É uma situação anómala e escandalosa do ponto de vista democrático”, disse Torrent, que vai pedir aos serviços jurídicos do parlament que “estude as consequências legais desta decisão que limita os direitos políticos fundamentais e a capacidade de actuação institucional” dos deputados catalães.

Mas mais intolerável para Torrent é que as conversações entre “a primeira e a segunda autoridade da região” tenham de decorrer em Bruxelas. “Esta reunião deveria ter acontecido em Barcelona”, vincou, completando que o episódio veio demonstrar a urgência em ter “um governo efectivo” a funcionar na Catalunha, para que a região “recupere as suas instituições e ponha fim à paralisação do 155”.

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