The Guardian altera formato de impressão para tablóide

O diário britânico abandonou o formato berliner com o intuito de reduzir custos.

Foto
O novo formato estreou-se nas bancas nesta segunda-feira LUSA/NEIL HALL

O jornal britânico The Guardian estreou nesta segunda-feira a venda da edição impressa em formato tablóide, abandonando o tradicional formato berliner, uma mudança que faz parte de uma estratégia para cortar despesas. O The Guardian tem feito uma forte aposta nos suportes digitais, tentando atrair leitores de todo o mundo, particularmente nos EUA e na Austrália, mercados para os quais lançou edições diferenciadas, tendo contratado dezenas de jornalistas.

A mudança para um formato tablóide faz parte de um pacote de medidas para cortar custos e que também atingiu a sua força laboral, com o despedimento de 300 trabalhadores. O novo formato de impressão permite imprimir o diário noutras gráficas – o The Guardian era o único em tamanho berliner, o que obrigara a criar novos pontos de impressão em Londres e Manchester em 2005. Outros jornais britânicos, como o The Times ou o The Independent, já tinham mudado para um formato tablóide pelas mesmas razões.

Foto
Imagem com a última edição do Guardian no formato Berliner (à esq.), maior do que o formato tablóide adoptado por outros jornais como o Daily Mail (à dir.). A mudança de formato poupa papel e custos EPA/NEIL HALL

O diário tem-se recusado a adoptar um sistema paywall — acesso ao conteúdo online através de uma subscrição paga — estratégia adoptada por jornais como o The Times, o The Wall Street Journal ou o The New York Times, para citar outros jornais anglo-saxónicos. Em alternativa à paywall, e numa altura em que as receitas da publicidade estão em declínio, o The Guardian – propriedade e financiado por uma fundação privada – optou antes por pedir doações aos leitores.

Do ponto de vista editorial, o mesmo diário tem mantido ou até aumentado algum do seu prestígio nos mercados novos em que tem apostado. Em 2014, pela cobertura aos documentos divulgados por Edward J. Snowden, chegou mesmo a partilhar com o The Washington Post um prémio Pulitzer, prémio normalmente entregue a publicações norte-americanas. Porém, o prestígio associado às histórias relacionadas com o WikiLeaks não ajudou a travar as perdas financeiras. O The Guardian registava 44,7 milhões de libras (50,3 milhões de euros) de prejuízo em Abril de 2017, depois de ter registado perdas de 68,7 milhões de libras (77,3 milhões de euros) em 2016, indica o The New York Times.

Esta transição faz parte de uma “transformação de três anos” para assegurar o futuro do jornal, referiu David Pemsel, director executivo do Guardian Media Group. Pemsel indicou ainda que a empresa estima reduzir as perdas em mais de metade até Abril de 2018 e tem o objectivo de não registar perdas em 2018-2019.

Katharine Viner, directora editorial do The Guardian, refere numa nota que pode ser lida no site do jornal que a decisão desta mudança de formato foi tomada há sete meses. Viner refere-se a este período como uma altura de “criatividade, imaginação e foco”. “O jornalismo do The Guardian continuará a ser o de sempre: ponderado, progressista, independente e desafiador”, pode ler-se na nota.

As mudanças registam-se também nas plataformas online, como o site e a aplicação, que apresentam uma imagem renovada, com um novo logótipo e novo tipo de letra serifada. Num vídeo publicado na sexta-feira na conta de YouTube do The Guardian, é referido que o novo design pretende oferecer “um espaço para novas vozes” e um “espaço para ideias”.

Sugerir correcção
Comentar