Centeno: “Nunca abdicaremos da nossa posição”

Ministro das Finanças anuncia candidatura à presidência do Eurogrupo, defendendo que a experiência dos últimos anos em Portugal vai ser útil para o resto da zona euro.

Fotogaleria
Nuno Ferreira Santos
Fotogaleria
Nuno Ferreira Santos
Fotogaleria
Nuno Ferreira Santos

Num discurso em que esqueceu o tom crítico do passado em relação às instituições europeias, e em que até destacou os benefícios de dialogar com a Comissão Europeia, Mário Centeno apresentou esta quinta-feira a sua candidatura à presidência do Eurogrupo, garantindo no entanto que, caso seja eleito, Portugal não irá abdicar das posições assumidas em relação à forma como deve ser construída a união monetária europeia.

“Nunca abdicaremos da nossa posição, mas estaremos sempre a acompanhar os consensos que forem feitos, porque foi assim que as instituições evoluíram”, afirmou Mário Centeno, quando questionado sobre como é que iria gerir o facto de, como presidente do Eurogrupo, passar a ser também porta-voz de um conjunto de ministros que, ao longo dos últimos anos, têm mostrado ter opiniões diferentes sobre diversos temas importantes.

“Não há nenhuma alteração daquilo que são os objectivos e o quadro em que nos relacionamos no projecto europeu”, disse o ministro das Finanças, assinalando que o objectivo será ter “um contributo construtivo, crítico às vezes”. “A intenção é contribuir para a formação dos consensos necessários na concretização da união monetária”.

Esquecidas, nesta intervenção, ficaram as discussões registadas nos últimos anos entre o Governo e a Comissão Europeia, especialmente no que diz respeito às propostas de orçamento e a questões relacionadas com o sector bancário. Pelo contrário, Centeno afirmou que “alguns dos sucessos mais relevantes da política económica do Governo foram conseguidos em colaboração com entidades como a Comissão Europeia.

Centeno defendeu ainda que a experiência de Portugal nos anos recentes pode ser útil para o resto da Europa, já que “mostra como é possível consolidação orçamental que gera empregos de qualidade”. “Os desafios com que Portugal se deparou são comuns a muitos países da zona euro”, afirmou o ministro, que não deu grandes detalhes em relação às mudanças concretas que espera ver na construção do euro, salientando apenas a importância, já antes defendida, de criação de instrumentos de maior convergência entre os países e de conclusão da união bancária, duas áreas em que países como a Alemanha colocam muitas reticências.

Mário Centeno minimizou o impacto que a nova posição poderá ter no seu trabalho como ministro das Finanças. “Temos um projecto muito estruturado e que tem sido guia de toda a política económica do Governo. Nunca tudo está preparado, nunca está tudo decidido, mas a robustez da política económica dá-me toda a confiança”, disse, salientando igualmente ter nas Finanças “uma equipa absolutamente extraordinária”.

Sugerir correcção
Ler 4 comentários