Palavras, expressões e algumas irritações: soberba

Um “soberbete” é alguém que “tem ares de soberba”. Mas "arrogante" também serve.

Não é uma palavra que se escute com muita frequência, mas de tempos a tempos a “soberba” aparece na voz dos políticos. (No comportamento, também.)

Na terça-feira quem a pronunciou foi Hugo Soares, líder parlamentar do PSD, dirigindo-se a António Costa, na primeira ronda de perguntas à líder do CDS-PP, Assunção Cristas, depois da apresentação de uma moção de censura ao Governo.

O social-democrata acusou o primeiro-ministro de “incompetência, soberba e insensibilidade” na resposta aos incêndios deste Verão.

Lê-se no dicionário: “Que se julga mais elevado que outro, que revela altivez, arrogância.” Exemplo: “Era visível a soberba com que tratava as pessoas.”

Não é a primeira vez que esta palavra é atirada contra António Costa. No início da legislatura, em 2015, Paulo Portas (na altura, líder centrista) acusava-o de “soberba” e “altivez” por ignorar que a política de recuperação dos rendimentos só era possível graças às medidas de austeridade e sacrifícios das famílias.

E lembramo-nos de uma frase popular que fala em “roto” e “nu”.

Também de “soberba” se queixou Javier Cercas, no El País de 26 de Julho, a propósito do referendo na Catalunha. “Durante as suas mais de duas décadas de poder incontestado, Pujol contribuiu decisivamente para devolver o orgulho aos catalães. O problema é que nas mãos dos seus filhos esse orgulho transformou-se em soberba, senão mesmo em estupidez. (...) Soberba, ou estupidez, é decidir que nós, os catalães, vamos decidir por todos os espanhóis.” O resultado já é conhecido.

Divertido é o som da palavra que significa “aquele que é um tanto soberbo e tem ares de soberba” — “soberbete”.

A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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