Governo atribui 15 milhões para conter riscos nos solos e na água após incêndios

Medidas de estabilização de emergência para suster impacto dos incêndios já tem verba viabilizada pelo Ministério da Agricultura, que irá também atribuir apoio financeiro para repor o potencial produtivo que foi destruído pelos últimos fogos

Foto
Ministro ainda não tem dados finais, mas avança que prejuízos causados pelos incêndios poderão ser superiores aos 700 milhões de euros LUSA/JOSÉ SENA GOULÃO

O Ministro da Agricultura, Luís Capoulas Santos, avançou esta quinta-feira, 19 de Outubro, que será disponibilizado um montante de 15 milhões de euros para a minimização do risco de erosão dos solos e de contaminação das águas

"De imediato, [vamos] disponibilizar 15 milhões de euros àquilo a que chamamos a estabilização de emergência, que tem a ver com as acções que visam minimizar os riscos da erosão, da contaminação das linhas de água e dos declives", referiu o titular da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural

Em declarações aos jornalistas, no Ministério, em Lisboa, Capoulas Santos adiantou que será atribuído um apoio financeiro para repor o potencial produtivo que foi destruído pelos incêndios.

"Iremos aplicar em todas as explorações que tiveram prejuízos superiores a 30% daquilo a que chamamos o potencial produtivo, máquinas que foram destruídas, alfaias, motores de rega, estábulos, equipamentos, animais que morreram e culturas permanentes (...), que será, para todas as candidaturas, acima dos 100 euros e sem valor limite", sublinhou.

A atribuição do montante será efectuada através de um concurso, que terá início após o Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) determinar o perímetro das áreas atingidas pelo incêndio.

"Para os primeiros cinco mil [candidatos], que tenham prejuízos superiores a 80%, esse pagamento será de 100% , até um montante de cinco mil euros, [a partir daí] iremos atribuir 50% das despesas com os materiais e equipamentos que foram destruídos", explicou.

O Ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural acrescentou que o Governo vai agir para resolver as questões relacionadas com a recolha dos animais mortos e com a alimentação daqueles que foram afectados pelo período de seca.

"É necessário enterrar e recolher cadáveres, não temos ainda o inventariado do número de animais mortos, mas só na região da Serra da Estrela há mais de cinco mil ovinos mortos", adiantou aos jornalistas.

Para Capoulas Santos, o Governo é ainda confrontado com a necessidade da alimentação dos animais, agravada pelo período de seca prolongado.

"Estamos a falar de 44 municípios, de 10 distritos e para um efectivo pecuário que é superior a cem mil cabeças de gado bovino e a quase 500 mil cabeças de gado ovino", referiu.

O Ministro da agricultura adiantou que o Governo está a procurar soluções para poder atribuir apoios para a alimentação dos animais, estando em contacto com as fábricas de ração e com as confederações agrícolas.

Está ainda agendada, para a próxima segunda-feira, uma reunião com os presidentes de câmara dos municípios afectados, de modo a acordarem a logística necessária à acomodação e posterior distribuição dos alimentos.

Relativamente à replantação do pinhal de Leiria, Capoulas Santos refere, que o Ministério quer uma floresta bem ordenada e tecnicamente desenhada, o que implica a interposição de folhosas na mata contínua de pinhal.

Apesar de ainda não existir uma estimativa para o valor total dos prejuízos causados pelos incêndios, o ministro da Agricultura adianta que serão superiores aos 700 milhões de euros causados pelos incêndios de Pedrógão Grande e pela vaga que lhe sucedeu.

Questionado, pela Lusa sobre a nomeação de Eduardo Cabrita como Ministro da Administração Interna, na sequência do pedido de demissão de Constança Urbano de Sousa, Capoulas Santos disse que se trata de um grande amigo pessoal e, portanto, a sua avaliação pode ser encarada como suspeita, mas, acrescenta, que é uma "óptima escolha" para uma pasta muito difícil.

Sugerir correcção
Comentar