Empresa de cibersegurança russa nega espionagem e pede provas aos EUA

Kaspersky diz que está presa numa “luta geopolítica” e pede às autoridades norte-americanas para enviarem “conteúdo relevante e possível de verificar” para a sua própria investigação.

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A Kaspersky terá sido utilizada por espiões israelitas, que seguiam espiões russos que estavam a espiar os americanos ADRIANO MIRANDA
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A Kaspersky está disponível para trabalhar com as autoridades norte-americanas Reuters/KACPER PEMPEL

A empresa russa Kaspersky nega qualquer envolvimento em estratagemas de espionagem governamental da Rússia contra os Estados Unidos, mas fontes próximas da investigação judicial norte-americana contam a órgãos da imprensa americana que há uma empresa de segurança israelita com provas do contrário. 

Trata-se de uma história de espiões que espiam espiões: segundo as notícias, em 2015, uma equipa israelita infiltrou-se no sistema de antivírus da Kaspersky  para seguir os passos de espiões russos, e descobriu que estes já estavam a usar o sistema para roubar documentos classificados de funcionários da Agência Nacional de Segurança (NSA) dos Estados Unidos que utilizavam o antivírus.

O fundador da empresa, Eugene Kaspersky, descreveu os primeiros relatos do caso de espionagem (que surgiram a semana passada no Wall Street Journal) como “mais uma história sensacionalista dos media” que “parece o guião de um filme série B, e mais uma vez – revelado por fontes anónimas (que surpresa)”. Porém, de acordo com uma notícia desta terça-feira do New York Times, foi a informação dos agentes israelitas que levou os Estados Unidos a proibir o uso de antivírus da empresa russa Kaspersky nos computadores do Governo em Setembro.

Em resposta a perguntas do PÚBLICO, a Kaspersky enviou um comunicado que tem feito circular pela imprensa. Diz que está “disponível para trabalhar com as autoridades norte-americanas” e pede que seja enviado "qualquer conteúdo relevante e possível de verificar que possa ajudar a empresa na sua própria investigação para refutar as acusações falsas.”

O antivírus estaria a ser utilizado como uma espécie de motor de busca para os espiões dos vários países acederem a pessoas de interesse que o utilizavam.“Como uma empresa privada, a Kaspersky Lab não tem laços impróprios com qualquer governo, incluindo da Rússia, e a única conclusão é que a Kaspersky Lab está presa no meio de uma luta geopolítica", lê-se num primeiro comunicado sobre a situação.

O caso ainda está sob investigação federal nos EUA. Em declarações ao Wall Street Journal, fontes próximas do caso – que apenas concordaram em falar com a condição de anonimidade – revelam que uma das vítimas foi um funcionário da divisão de inteligência da NSA, natural do Vietname, que terá levado trabalho para acabar em casa. O individuo em questão foi afastado do emprego em 2015, mas não há suspeitas  de que tenha disponibilizado o material voluntariamente.

A espionagem israelita terá acontecido durante o mesmo período em que a Kaspersky divulgou publicamente ter sido vítima de um ataque de um “agente governamental” com o vírus Duqu 2.0. Na altura, várias computadores foram infectados por um spyware – um programa instalado para monitorizar a navegação de alguém na Internet, ou obter informação do seu computador. Embora a Kaspersky não tenha acusado directamente Israel em 2015, a empresa suspeitava do país pois parte do software malicioso utilizado também estava a ser utilizado para espiar as conversas do painel P5+ 1 (um grupo composto pelos cinco membros do Conselho de Segurança da ONU, mais a Alemanha) sobre o programa nuclear iraniano.

“Estamos confiantes que identificámos e removemos todas as infecções que ocorrem durante aquele incidente”, lê-se no comunicado da Kaspersky sobre o ataque Israelita. “A Kasperspy Lab volta a acentuar a sua disponibilidade para trabalhar em conjunto com as autoridades norte-americanas para responder a quaisquer preocupações que possam ter sobre os seus produtos ou sistemas.”

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