Grupo pró-armas pede "regulação mais restrita" após ataque de Las Vegas

A NRA é um dos mais influentes defensores da política pró-armas nos EUA. Esta quinta-feira, admitiram mais controlo.

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Wayne LaPierre, dirigente da Associação Nacional de Armas de Fogo da América (NRA) LUSA/JIM LO SCALZO

A Associação Nacional das Armas de Fogo da América (National Rifle Association of America), um influente grupo defensor do acesso às armas nos Estados Unidos, pediu esta quinta-feira “regras adicionais” e um controlo mais rígido na venda de "bump stock", o acessório que tornou as armas do atirador de Las Vegas mais rápidas a disparar e, por isso, mais letais.

A posição do grupo de defesa de armas surge “na sequência do monstruoso e insensível ataque em Las Vegas”, onde morreram pelo menos 59 pessoas e mais de 500 ficaram feridas, assumindo que “os norte-americanos estão à procura de respostas sobre como tragédias futuras podem ser previstas”, escrevem Wayne LaPierre e Chris Cox, dirigentes da NRA.

“Aparelhos que visam permitir armas semi-automáticas funcionarem como armas automáticas deviam ser sujeitos a mais regulação”, defendeu o grupo através de comunicado. Depois do massacre com armas mais mortífero na história dos EUA, a NRA pediu aos reguladores para “reverem imediatamente se estes aparelhos respeitam a lei federal”, depois de os relatórios “indicarem que determinados acessórios foram utilizados para modificar as armas de fogo usadas”.

Ainda assim, a declaração sublinha que “a NRA continua focada na sua missão: fortalecer a liberdade norte-americana no cumprimento da Segunda Emenda, para que os cidadãos se possam defender a si, às suas famílias e à sua comunidade”. A Segunda Emenda à Constituição dos EUA prevê que, "sendo necessária à segurança de um estado livre a existência de uma milícia bem organizada, o direito das pessoas a manter e portar armas não deve ser violado". Segundo uma consulta feita do instituto de pesquisa Pew em 2017, citada pela BBC, quatro em cada dez norte-americanos têm uma arma ou vivem numa casa onde há uma.

A NRA é um poderoso grupo de lóbi, com uma capacidade substancial para influenciar membros do Congresso sobre sua posição quanto à política de armas, quer a nível financeiro, quer a nível organizacional. Em 2016, por exemplo, a NRA gastou 4 milhões de dólares em contribuições directas a políticos e mais de 50 milhões de dólares em campanhas políticas, incluindo cerca de 30 milhões de dólares para Trump, lembra a BBC.

Esta quarta-feira, a senadora democrata Dianne Feinstein apresentou um projecto de lei para proibir justamente a venda de "bump stocks". Detalha o gabinete democrata que este acessório permite que uma arma que dispara entre 45 e 60 tiros por minuto passe a fazer entre 400 e 800 disparos no mesmo período de tempo. Áudios recolhidos no local do ataque em Las Vegas permitem identificar cerca de 90 disparos durante apenas dez segundos, analisa o New York Times

Feinstein recusou as críticas de republicanos, entre os quais o líder da maioria conservadora no Senado, Mitch McConnell, que afirmou considerar “particularmente inapropriada politizar um evento como este”.

Após o ataque, Trump garantiu que, a seu tempo, debaterá leis sobre armas. A Casa Branca entende que agora não é o momento para falar do assunto.

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