CUP assegura que a independência será proclamada segunda-feira

Presidente da Generalitat fala às 20h desta quarta-feira.

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Reuters/JON NAZCA

As formações independentistas Juntos pelo Sim e CUP (Candidatura de Unidade Popular) apresentaram uma petição para que o presidente do governo autonómico, Carles Puigdemont, compareça na segunda-feira no parlamento de Barcelona para que o referendo de 1 de Outubro seja validado e aplicado.

A sessão, disse a deputada da CUP Mireia Boya, citada pelo El País, servirá para “proclamara a repúblcia catalã”.

A CUP, escreve o jornal espanhol, admitiu estar consciente de que nos próximos dias pode haver “detenções”, mas mantêm o objectivo para 9 de Outubro.

A decisão de realizar a sessão do parlamento na segunda-feira foi tomada numa reunião em que houve divergências, como reconheceram os deputados da CUP Benet Salellas e Mireia Boya, citados pelo El País — a CUP queria realizar a sessão “o mais depressa possível”, o Juntos pelo Sim discordou. 

A CUP pediu aos cidadãos para se mobilizarem de forma permanente para defender os resultados do referendo (o governo catalão anunciou que o “sim” à independência venceu). “Mobilização, mobilização, mobilização”, disse Boya aos jornalistas, denunciando uma possível estratégia de “castigo colectivo” por parte do aparelho de Estado.

Para esta quarta-feira, está marcada uma declaração de Carles Puigdemont, que falará às 21h (20h em Lisboa).

Numa entrevista que concedeu à estação de televisão BBC, Puigdemont já apontava para a possibilidade de haver uma declaração de independência na segunda-feira.

As declarações foram feitas na terça-feira, antes do discurso de Filipe VI — o rei acusou o governo autonómico de "deslealdade inadmissível" —, mas só foram publicadas na íntegra esta quarta-feira.

“Vamos declarar independência 48 horas depois de contabilizados todos os resultados oficiais [do referendo de domingo], disse Puigdemont. “Isto provavelmente estará terminado assim que tenhamos todos os votos do estrangeiro no final da semana, pelo que agiremos provavelmente durante o fim-de-semana ou no início da próxima semana”.

O secretário-geral do parlamento catalão e o chefe do pessoal e serviços, Xavier Muro e Antoni Bayona, enviaram um documento à câmara advertindo que é seu dever “impedir ou paralisar” iniciativas como a convocação de uma sessão para declarar a independência.

O Governo espanhol anunciou entretanto o envio de apoio logístico para os membros da Guarda Civil e Polícia Nacional destacadas para a Catalunha. Trata-se de “material para dormir”, duches portáteis e cozinhas de campanha, enviado de quartéis do Exército em Saragoça.

Este material vai ser instalado no quartel de Sant Boi, para onde foram encaminhados os polícias desalojados de alguns hotéis — aconteceu em Pineda de Mar.

Perante a imprevisibilidade quanto ao que se passará nos próximos dias, e antes de ser conhecido o teor da declaração de Puigdemont — a imprensa espanhola diz que o presidente do Governo, Mariano Rajoy, espera essa declaração para decidir os próximos passos —, o sector empresarial começa a movimentar-se.

O grupo de pressão Círculo de Economía, que junta as grandes empresas e economistas catalães, expressaram a sua "máxima preocupação" pela possibilidade de haver uma declaração de independência. Isso mergulharia o país numa "situação extremadamente complexa" e de "consequências desconhecidas" - e deixaria os cidadãos catalães "num atensã difícil de crontrolar".

Estes empresários e economista spedem ao Governo e ao parlamento espanhol uma atitude "de liderança" para retomar a via do diálogo.

 

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