My tasca in Lisbon

Vou abrir um bistro bar em Lisboa. Vai ser mítico mesmo antes de abrir as portas, porque é uma qualidade em que insisto.

Vou abrir um bistro bar em Lisboa. Tenho um chefe que aprendeu em Berlim a reinventar a cozinha portuguesa, moela a moela. Vou servir tapas num conceito salad bar com banda sonora de funk&fado ou fado funky com as primeiras três letras a maiúsculas, assim: FUNkey. Escreve-se key porque é uma chave: your key to fun, mas a própria key é funny e fun ao mesmo tempo porque quero misturar o fun/prazer com o funny/riso.

Chamar-se-á Steven's Mec, que é Esteves Cardoso em luso-restaurantês, o único idioma que permite apóstrofo's ilimitado's — não sei se estão a ver o que eu fiz ali.

O restaurante vai ser mítico mesmo antes de abrir as portas, porque é uma qualidade em que insisto. Já disse ao pessoal que tudo o que servimos tem de ser mítico. Se não for, volta para trás, com umas palavrinhas simples, que não têm de ser malcriadas: "Chefe, o cliente manda pôr mais mito nesta merda."

Ser mítico não impedirá o establishment/barra/house of paste&pasta de ser ao mesmo tempo icónico, clássico, lendário, emblemático e típico. São só seis qualidades, gente: mítico, icónico, clássico, lendário, emblemático e típico. Empregando a mnemónica dá “miclet”. Dou uma caixa de Chiclets a cada empregado. Risco o “Ch”, porque não quero calar ninguém (tenho ódio ao silêncio) e escrevo “Mi” de Miguel, que também pode ser me, me, me: eu, eu, eu em inglês.

O nome do restaurante mudará todos os meses para não fartar. Os trocadilhos são muito giros mas o problema é que ocorrem logo outros e não temos maneira de usá-los.

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