BCP regista lucro de 89,9 milhões, Nuno Amado agradece a trabalhadores

O resultado líquido do BCP no primeiro semestre de 2017 totalizou 89,9 milhões de euros, comparando com o prejuízo de 197,3 milhões de euros registado no semestre homólogo do ano anterior, informou hoje o banco ao mercado.

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Nuno Amado apresentou esta quinta-feira um resultado semestral positivo. LUSA/ANDRE KOSTERS

O banco explica em comunicado que "o resultado core ascendeu a 558,6 milhões de euros no primeiro semestre de 2017, aumentando 27,8% face aos 437,1 milhões de euros apurados no primeiro semestre do ano anterior, devido não só ao crescimento de 12,9% da margem financeira e de 3,1% das comissões líquidas como também à redução de 7,0% dos custos operacionais". 

A instituição liderada por Nuno Amado acrescenta que "esta evolução foi determinada pelo desempenho da actividade em Portugal, cujo resultado líquido aumentou 306,7 milhões de euros face ao primeiro semestre de 2016, para 1,6 milhões de euros, induzido fundamentalmente pelos efeitos de crescimento do resultado core e de uma expressiva diminuição das imparidades e provisões".

"Na actividade internacional, o resultado líquido cifrou-se em 87,1 milhões de euros nos primeiros seis meses do ano, face a 99,4 milhões de euros alcançados no primeiro semestre do ano anterior, reflectindo os menores contributos das operações em Angola e sobretudo na Polónia", completa o banco.

Em conferência de imprensa de apresentação das contas, Nuno Amado sublinhou que "houve uma evolução positiva da actividade no primeiro semestre, mas ainda num enquadramento muito exigente do BCP", notando, entre outros pontos, que houve "uma estabilização da carteira de crédito" com "ligeiro crescimento" nas áreas "que nos interessam" e um aumento dos depósitos e a redução de custos. 

O presidente do BCP destacou que se verificou o aumento de 4,4% do número de clientes activos, totalizando agora 5,2 milhões e que houve uma redução dos NPE (créditos com problemas) em 700 milhões de euros e o aumento do rácio de capital para 14%.

Adicionalmente, o banco "diminuiu o financiamento líquido do BCE para 3,6 mil milhões de euros, face a 4,9 mil milhões de euros em 30 de Junho de 2016".  

No que diz respeito à margem financeira- o saldo entre o que o banco paga para se financiar e o que cobra no que empresta - aumentou 12,9% no primeiro semestre de 2017 alcançando 678,5 milhões de euros. Em Portugal "a margem financeira atingiu 390,2 milhões "evidenciando um aumento de 9,0% face ao primeiro semestre do ano anterior, traduzindo essencialmente a diminuição do custo de funding, justificado em grande medida pelos impactos positivos do reembolso dos CoCos e da redução continuada das taxas de juro dos depósitos a prazo, não obstante a diminuição do rendimento das carteiras de crédito e de títulos", diz o banco.

No resto da actividade do banco controlado pelos chineses da Fosun, destacam-se três temas: As comissões cresceram ligeiramente para os 330,3 milhões de euros, com contributos decisivos da subsidiária na Polónia, por um lado, e das comissões relacionadas com os mercados financeiros, por outro; as imparidades de crédito estão a ter menos impacto nas contas, com uma redução para metade (305 milhões de euros) do seu valor homólogo "refletindo uma tendência no sentido da normalização do custo do risco na atividade em Portugal que favoreceu a melhoria do custo do risco do grupo"; e, finalmente, a redução do crédito a clientes para 51.684 milhões de euros, "condicionado pela diminuição na actividade em Portugal, não obstante o aumento verificado na actividade internacional".

Nuno Amado fala "em normalização"

Nuno Amado lembrou que os colaboradores do BCP viram os salários serem repostos este mês, depois dos cortes aplicados em 2014, decisão que só acontece depois de o banco ter pago os CoCos [apoio público] ao Estado. "Isto representa uma normalização e aproveito para agradecer aos trabalhadores", observou. O custo total dos reembolsos dos salários aos trabalhadores, que sofreram cortes de 6%, será de 13 milhões de euros por ano.

Os salários da administração tiveram um corte de 50% e também vão ser repostos e para os valores iniciais, disse.

Ao longo de 2017, o BCP admite a saída de cerca de 100 colaboradores por reformas antecipadas ou naturais.  

Neste capítulo, o banco apresentou uma redução de 2,7% dos custos com o pessoal para 265,2 milhões de euros no primeiro semestre de 2017. Já os outros gastos administrativos fecharam nos 182,6 milhões de euros, apresentando uma descida de 1,2%

Solução para o Novo Banco?

Instado a comentar a solução encontrada para o Novo Banco [mecanismo de recompra dos empréstimos obrigacionistas], o banqueiro notou que o BCP não é obrigacionista e aquilo que "me preocupa neste processo são os efeitos colaterais que a solução teve no banco. E este semestre o BCP já pagou ao Fundo de Resolução nacional [Novo Banco e Banif] mais de 39,5 milhões, um custo que se irá manter nos próximos anos".

E Nuno Amado pediu às autoridades transparência e o máximo de informação no processo de venda do Novo Banco. "Estamos num espaço económico, concorremos com bancos estrangeiros que nem cá estão instalados, e entendo que o peso das contribuições [para resolver temas de banca portuguesa] é desproporcionado. E a isto [39,5 milhões] soma-se o que temos de pagar ao Fundo de Resolução europeu".

Sobre se há interesse do BCP nos activos do Deutsche Bank (DB) em Portugal, Nuno Amado respondei assim: "Não sabia que estavam à venda. Apenas sabia que os de Espanha estavam à venda", mas estes não são "seguramente do nosso interesse". Já a operação do DB na Polónia está a ser analisada pelo Bank Millennium, tendo entrado numa segunda ronda de negociação, "um tema sobre o qual não posso falar", acrescentou.

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