Esgotou-se o prazo e o PSD exige reunião da AR sobre a lista de mortos de Pedrógão

Se está em segredo de Justiça, o Governo deve pedir que este seja levantado, defendem sociais-democratas. Ao contrário do CDS, o PSD não está a ponderar moção de censura.

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Daniel Rocha

O PSD exige que o Governo peça o levantamento do segredo de justiça – se ele, de fact,o existe – sobre os nomes das vítimas mortais do incêndio de Pedrógão Grande e que divulgue essa lista, para restabelecer a “calma” e a “confiança” públicas. Entretanto, e como terminou o prazo de 24 horas que ontem deram ao Governo para divulgar a lista nominativa, os sociais-democratas pedem esta tarde ao presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, que convoque a comissão permanente para debater esta matéria.

Em conferência de imprensa no Parlamento, Hugo Soares, o novo líder da bancada do PSD,  acusou o primeiro-ministro de “sacudir a água do capote”: “Ouvir o Governo dizer que não é da sua responsabilidade saber e divulgar a lista traduz-se numa grande demissão do que são as suas responsabilidades políticas. O país não pode ter um primeiro-ministro que se demita assim das suas obrigações nem que demita o seu Governo das suas obrigações. Não é admissível que o primeiro-ministro sacuda desta forma a água do capote.”

O deputado deixou dúvidas sobre a real classificação da lista pelas autoridades, afirmando várias vezes que “o PSD não sabe se a lista está em segredo de justiça” porque ainda “não ouviu o Ministério Público” dizê-lo. “Podem estar sob segredo de justiça as circunstâncias – e isso faz sentido – não os nomes. Se estiver, tem que ser explicado por que é que está. Mas o Governo pode e deve pedir o levantamento desse segredo para devolver a calma e a confiança às pessoas”, defendeu Hugo Soares. Questionado sobre se o PSD o pretende requerer, respondeu que o partido “não tem essa competência; apenas o Governo o pode fazer”.

“Quem governa tem que assumir as suas responsabilidades. Se não sabe governar nem tomar decisões no momento difícil, então tivesse deixado governar quem ganhou as eleições”, criticou Hugo Soares.

O dirigente social-democrata classificou ainda de “surreal” o “desafio” do primeiro-ministro que, sobre declarações de que haverá listas que identificam mais vítimas mortais, apelou a que as pessoas que as fizeram comuniquem esses nomes às autoridades.

“Estamos a viver uma situação que não dignifica o país que somos e queremos ser nem dignifica o Governo e o Estado democrático: um mês depois não somos capazes de dizer com clareza quantas pessoas perderam a vida naquela tragédia. Isto tem implicações graves na vidas das famílias, que têm que ser ressarcidas perante quem tem o dever de o fazer, sejam fundos criados para o efeito seja pelas seguradoras”, afirmou Hugo Soares, rodeado pelos deputados Margarida Mano (ex-ministra da Educação e Ciência no segundo Executivo de Passos Coelho) e Nuno Serra.

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Questionado sobre se o PSD também pondera apresentar uma moção de censura, como já admitiu o CDS-PP, por causa da falta de esclarecimento da questão dos mortos do incêndio, Hugo Soares respondeu que o seu partido “não tem em cima da mesa nenhuma moção de censura”. Se o CDS-PP a apresentar, o PSD “decidirá o que fazer”.

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