Através do vinho, há uma região a querer apanhar a boleia do turismo de Lisboa

Câmara de Alenquer e região vitivinícola de Lisboa põem em marcha o evento Alma do Vinho para promover os vinhos e o próprio território. De 21 a 24 de Setembro, em Alenquer.

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Apresentação do evento "Alma do Vinho" decorreu no parque vinícola de Lisboa, inaugurado no ano passado

Eventos de vinho “há muitos”. Ao apresentar mais um, a organização do Alma do Vinho começa por assumi-lo e apontar os motivos porque se quer distinguir. “Terá vinhos da mais premiada região vitivinícola do país e aquela que mais exporta [vinhos de mesa e regionais]”: Pedro Folgado, presidente da Câmara de Alenquer, refere-se à região vitivinícola de Lisboa, que estará em destaque no evento que, de 21 a 24 de Setembro, se vai realizar no edifício Romeira, em Alenquer.

O evento, apresentado esta quarta-feira no parque vinícola de Lisboa, é uma feira de promoção dos vinhos da região, que pretende também alavancar o território do ponto de vista turístico. Alma do Vinho terá provas de vinho e apresentações de perto de metade dos cerca de cem produtores da região – que abrange o território da Estremadura, contemplando as denominações de origem de Alenquer, Arruda, Bucelas, Carcavelos, Colares, Encostas d’Aire, Lourinhã, Óbidos e Torres Vedras e Lisboa.

Importa à organização não só divulgar os vinhos de Lisboa, como “oferecer uma vertente lúdica aos visitantes” sobre o percurso da uva, das vinhas até ao engarrafamento, “um percurso intermédio que nem sempre as pessoas conhecem”, explica Paulo Pessoa de Carvalho, produtor do evento. Haverá espaço para recuar “ao tempo dos nossos bisavós e avós para perceber o caminho” desta indústria em Portugal.

Alma do Vinho é também um evento pensado para turistas. A organização quer que a influência de “Lisboa, a cidade que está na moda”, se estenda à região e o gatilho para despertar o interesse pode ser o vinho, aponta Pedro Folgado. A autarquia da capital apoia: “Dizer aos turistas que é preciso ir a Alenquer é um dos desígnios que Lisboa tem”, refere José Sá Fernandes, vereador da estrutura verde e energia, presente na apresentação desta quarta-feira.

À parte do vinho, o evento terá actividades de gastronomia e música, com um espaço reservado a tasquinhas e a presença de artistas nacionais. Cuca Roseta atua a 22 de Setembro, Richie Campbell a 23, ambos às 23h, e David Antunes sobe ao palco no dia 24 pelas 22h.

E não é por acaso que se realiza em Alenquer. É no concelho do distrito de Lisboa que se produz grande parte do vinho da região. “Faz parte do quotidiano das nossas gentes a vindima e a vinha”, afirma Pedro Folgado, e a indústria tem vindo a “ganhar expressão e solidez” no território, acrescentou Paulo Pessoa de Carvalho, graças a uma maior profissionalização dos pequenos produtores.

Para Vasco d'Avillez, presidente da Comissão Vitivinícola da Região de Lisboa (CVRLisboa) trata-se de “reafirmar que o vinho faz parte da nossa cultura”. A região de Lisboa, a segunda maior em volume de produção, produz um milhão de hectolitros por ano, num total de sete milhões produzidos em todo o país, apontam os dados da CVRLisboa.

Os bilhetes, disponíveis a partir da próxima semana na Ticketline e no local do evento, têm um custo diário de dois euros para quinta-feira, três euros para sexta e domingo, quatro euros para sábado. Haverá um passe para todos os dias com desconto e bilhetes familiares, com valor por divulgar.

Junto ao aeroporto, fazem-se as primeiras vindimas

Se for de dia e estiver do lado certo do avião, ao aterrar em Lisboa, vê uma vinha colada ao aeroporto. É a vinha do parque vinícola de Lisboa, que não é a única da cidade, mas é simbólica por ter resultado de um desafio da câmara municipal lançado a produtores privados. Este ano, fazem-se as primeiras vindimas.

No ano passado colheram-se alguns cachos, “de uvas para os pardais” – como ilustra José Santos Lima, administrador da Casa Santos Lima, a companhia que produz neste parque. Este ano, no espaço de três hectares junto à Rotunda do Relógio, as vindimas devem acontecer mais cedo do que no resto do país, à semelhança do que está a acontecer na região de Lisboa: “A média de maturação das uvas é elevada, o que nos leva a crer que este ano as vindimas vão ser precoces”, Santos Lima aponta para meados de Agosto. Contribuiu para isso as “boas condições climatéricas”, o sol e a chuva abundante na região, explica.

Depois de colhidas, as uvas seguem para as adegas da empresa em Alenquer – onde a Santos Lima detém 90% da produção de vinho. “O objectivo nunca foi ter uma adega no centro de Lisboa, mas sim ter vinho produzido na cidade”, aponta o empresário. Este ano, são esperadas 15 a 16 mil garrafas desta exploração, cuja marca o vereador Sá Fernandes espera lançar “lá para o Natal”.

Dentro de pouco mais de um mês, a autarquia conta inaugurar uma loja no Mercado da Ribeira para promoção do vinho da cidade e da região.

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