Gestor da Azul vai ser o representante da chinesa HNA na TAP

Neng Li, administrador da transportadora brasileira de Neeleman onde o grupo chinês detém 22%, vai ter assento na TAP.

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Atlantic Gateway vai ficar com 45% da TAP Rui Gaudencio

O consórcio privado Atlantic Gateway, formado por Humberto Pedrosa e David Neeleman, vai colocar no conselho de administração da TAP Neng Li, ligado ao grupo chinês HNA, segundo informações recolhidas pelo PÚBLICO.

Actualmente, Neng Li já é administrador não executivo (cargo que irá exercer na TAP) na Azul, a transportadora aérea brasileira controlada por Neelman e onde a HNA é dona de 22% (via Hainan). O PÚBLICO tentou confirmar oficialmente a informação junto da Atlantic Gateway, mas não foi possível ter uma resposta até ao momento.

Numa primeira fase, e tal como o PÚBLICO noticiou, o consórcio privado avançara com o nome de Zhimin Ma (ou Jimmy Ma) para ser votado na assembleia geral extraordinária de accionistas que se realiza esta sexta-feira em Lisboa. Este responsável, agora substituído por Neng Li, é presidente da low cost Hong Kong Express (da HNA).

Quanto a Neng Li, que tem um bacharelato em Finanças pela Universidade de Macau, entrou para a administração da Azul em Outubro do ano passado, onde é o gestor mais novo da empresa (faz 37 anos em Outubro). Já ocupou várias funções na HNA, onde entrou em 2005, e desde 2013 está ligado aos investimentos internacionais do grupo.

Além de Neng Li, a Atlantic Gateway avançou com outros cinco nomes para o conselho de administração: Fernando Pinto, David Pedrosa, Trey Urbahn (que irão formar a comissão executiva), Humberto Pedrosa e David Neeleman.

A Azul, que já está a fazer ligação entre São Paulo e Lisboa (em code-share com a TAP)  foi um dos compradores de obrigações convertíveis em acções emitidas pela transportadora área portuguesa, havendo ainda o cenário de o grupo HNA ter adquirido parte destas obrigações de forma directa. Deste modo, a HNA poderá vir a deter uma participação directa, além de ser accionista indirecto via Azul.

Os nomes do Estado

Conforme já escreveu o PÚBLICO, por parte do Estado foram escolhidas também seis personalidades para o conselho de administração, com destaque para  Diogo Lacerda Machado. Advogado e amigo pessoal do primeiro-ministro, Lacerda Machado está ligado ao grupo de raízes macaenses, a Geocapital (criada por Jorge Ferro Ribeiro e Stanley Ho). A Geocapital esteve aliada à TAP na compra da VEM, empresa brasileira de manutenção de aeronaves, mas de onde depressa saiu, e que tem apresentado profundos prejuízos e afectado a condição financeira do grupo TAP. 

Depois, foi escolhida a economista Ana Pinho, presidente da Fundação Serralves - e que esteve com o actual presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, na Associação Comercial do Porto - e António Menezes, ex-presidente da Sata, companhia área dos Açores, e que passou pela EuroAtlantic e pela suíça PrivatAir.

A lista inclui também Bernardo Trindade, ex-secretário de Estado do Turismo de José Sócrates, e Esmeralda Dourado, gestora que o actual Governo convidou para fazer parte da unidade de missão ligada à recapitalização das empresas. Por fim, a presidência do conselho de administração ficará entregue a Miguel Frasquilho, ligado ao PSD e que deixou há pouco tempo a presidência da AICEP (organismo estatal ligado aos investimentos e exportações). Miguel Frasquilho terá voto de qualidade nas deliberações do conselho de administração (CA), o que pressupõe alguma influência na gestão da empresa.

Assuntos na mesa

Na assembleia geral extraordinária vão estar presentes, além do Estado (via Parpública) e do Atlantic Gateway, vários pequenos accionistas, no âmbito da Oferta Pública de Venda aos trabalhadores. De acordo com as informações recolhidas pelo PÚBLICO, dos 603 trabalhadores que ficaram com acções, 557 conseguiram ficar com mais de 100 acções, o limite mínimo para participar na reunião magna. Quanto aos outros 46, podem unir-se esforços até atingir essa fasquia, elegendo depois um representante.

Além dos nomes para o conselho de administração, na sexta-feira os accionistas vão pronunciar-se também sobre as contas e actividades da empresa e sobre as alterações às acções. Segundo se lê na convocatória, o ponto 3 diz respeito à “conversão de parte das acções ordinárias da sociedade em acções das categorias A e B”.

Este processo está ligado às negociações dos privados com o actual Governo, que quis ficar com 50% do capital. Em troca, os privados negociaram um reforço dos direitos económicos, com a criação de diferentes tipos de acções: A (com mais direitos), B (com menos direitos), e C (que se assumem como as mais relevantes, via conversão de obrigações emitidas no ano passado e compradas pela Azul, e pela Parpública). O Estado terá no máximo 18,75% dos direitos económicos (como os lucros a distribuir ou o encaixe de venda de activos), entre acções B e C.

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