Associação de Guardas diz que "estrada da morte" não foi cortada por “falta de meios”

Cada um dos três concelhos afectados pelo incêndio que matou 64 de pessoas tinha apenas dois agentes e um carro disponíveis, revela presidente da associação.

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Só no incêndio que atingiu a EN 236 morreram 47 pessoas Adriano Miranda

Dois homens e um carro patrulha. Eram estes os meios policiais disponíveis em cada um dos três concelhos afectados pelo incêndio que há mais de uma semana matou 64 pessoas no centro do país, diz o presidente da Associação dos Profissionais da Guarda (APG), César Nogueira.

O responsável da associação de militares da GNR deu a informação durante uma entrevista à TSF, em que apontou a “falta de meios” como um dos factores que impossibilitou o corte da Estrada Nacional 236, onde morreram 47 pessoas, apelidada por isso de "estrada da morte".

Um dos exemplos dados por Nogueira é o do posto da GNR de Pedrógão Grande, que tem 15 militares, quando deveria ter o “dobro”. No fim-de-semana do incêndio, entre militares de folga e de férias, restavam dois agentes em patrulha e um no posto. "Mesmo em situações normais é garantidamente pouco", disse o dirigente.

Houve também falhas de comunicação entre as forças no local, na sequência da quebra do SIRESP, o sistema que opera a rede nacional de emergência.

César Nogueira abordou ainda o sentimento de indignação na GNR, perante alguns comentários e a abertura do inquérito pelo Ministério da Administração Interna, "parecendo dar logo à partida responsabilidades aos guardas que estiveram no local" por não ter sido possível cortar a EN 236.

Alguns militares estão a ter acompanhamento psicológico e estão mesmo de baixa, encontrando-se “tremendamente afectados” pelo que aconteceu, acrescenta Nogueira.

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