Macron deixa porta da UE aberta. Cameron e ministro de May apoiam soft Brexit

Nas primeiras declarações depois das eleições que tiraram a maioria parlamentar a May, David Cameron diz que Parlamento "deve ter algo a dizer" sobre negociações do "Brexit".

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Cameron chama a atenção para peso parlamentar da Escócia, que votou contra o "Brexit" LUSA/Grzegorz Michalowski

São cada vez mais os apelos a Theresa May para alterar a sua estratégia negocial sobre a saída do Reino Unido da União Europeia. O ministro das Finanças, Philip Hammond, vai tentar convencer a primeira-ministra a optar por manter o país na união aduaneira, avança o jornal Times, citando várias fontes não identificadas.

Hammond, considerado um dos ministros mais pró-europeus do Governo britânico, tentará mudar a abordagem de May, após a perda da maioria absoluta nas eleições da semana passada.

A notícia do Times surge na mesma altura em que o ex-primeiro ministro britânico, David Cameron, afirmou que May deve consultar a oposição sobre as negociações do "Brexit". A informação é avançada pelo Financial Times, esta terça-feira.

"Vai ser difícil, não há dúvidas disso, mas talvez devesse dar oportunidade para consultar a amplamente a oposição, de forma a saber qual a melhor forma de conseguirmos isso", afirmou Cameron numa conferência na Polónia, citado pelo Financial Times

Cameron pretende que May opte por um "soft Brexit", ouvindo o Partido Trabalhista e outros partidos da oposição para tomar decisões relativamente às negociações, adoptando uma abordagem mais consensual para a saída do Reino Unido da União Europeia (UE). O tipo de "Brexit" que o novo executivo vai defender em negociações ainda não é claro, uma vez que, tanto o partido de May como a oposição, há vozes que recusam o "hard Brexit" que ela propôs em Janeiro.

O ex-primeiro ministro disse ainda que os resultados das eleições - que May convocou e que lhe retiraram a maioria parlamentar - deveriam levar  a primeira-ministra britânica a "ouvir os outros partidos". O Parlamento, diz Cameron, "deve ter algo a dizer" sobre o "Brexit".

Os partidos da oposição têm pedido a May que reveja os seus planos para a saída da UE, entre eles Ruth Davidson, líder dos conservadores na Escócia, à qual Cameron chamou de "novo jogador em palco".

Davidson, líder dos conservadores na Escócia, garantiu influência junto de May ao conseguir eleger 13 deputados em Westminster, sem os quais a primeira-ministra teria ficado ainda mais longe da maioria absoluta. "A Escócia votou contra o 'Brexit'. Penso que os conservadores escoceses vão querer ver mudanças na política que está a ser levada a cabo", explicou David Cameron.

Nesta segunda-feira, não havia certeza se o ministro britânico para o "Brexit", David Davis, estaria em condições de ir a Bruxelas no dia 19 de Junho para a primeira reunião com Michel Barnier, o chefe dos negociadores europeus. A Comissão Europeia afirma estar pronta a iniciar o processo, mas já admite que Londres pode precisar de mais alguns dias para finalizar a formação do governo.

No final do encontro com o Presidente francês, Emmanuel Macron, May disse que as negociações com a UE começam na próxima semana e ouviu o recém-eleito Presidente francês dizer que a porta da União Europeia continua aberta. Macron disse que respeita a vontade do povo britânico, mas acrescentou que “até ao fim das negociações há sempre a hipótese de reabrir a porta”.

As atenções, esta terça-feira, centraram-se no encontro, de manhã, da primeira-ministra com a líder do DUP, Partido Democrático Unionista da Irlanda do Norte, Arlene Foster. O acordo com os unionistas irlandeses estará quase pronto, ainda que May não tenha feito declarações sobre a reunião com Foster. Já a líder do DUP escreveu no Twitter que as conversações têm corrido bem, sendo que esperam "chegar com sucesso a uma conclusão em breve".

A falta de acordo fez também com que o Discurso da Rainha tivesse de ser adiado: deveria ser na próxima segunda-feira e ainda não tem ainda data marcada.

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