Procura pelas OTRV supera a oferta em 400 milhões

Novo produto de poupança do Estado continua a chamar investidores mesmo após reforço de 500 para 1000 milhões.

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Bancos são responsáveis pela colocação das OTRV junto dos clientes e investidores REUTERS/Bernadett Szabo

A quarta emissão das Obrigações do Tesouro de Rendimento Variável (OTRV) despertou o interesse de investidores e voltou a exceder a oferta: as propostas de investimento chegaram aos 1419 milhões de euros quando o Estado disponibilizou 1000 milhões. Ou seja, a procura por este tipo de produto de dívida pública excedeu 1,42 vezes a oferta, mesmo após o reforço feito pelo Estado, que duplicou os 500 milhões planeados inicialmente.

De acordo com os dados divulgados esta segunda-feira pela Euronext Lisboa (as OTRV são negociadas no mercado), 45,3 milhões de euros foram atribuídos por rateio, e outros 4,15 milhões por sorteio.

Ao todo, houve 63.017 investidores, dos quais 56.477 aplicaram entre 1000 (valor minino de subscrição) e 20.000 euros, seguindo-se outros 6305 que investiram entre 20.001 e 50.000 euros. A estes somam-se os 154 que apostaram entre 50.001 e 100.000, e os 81 que foram para o escalão superior (entre 100.001 e 500.000). Ninguém foi além do meio milhão de euros.

Esta é a primeira vez que o IGCP recorre às OTRV este ano, após ter lançado três emissões no ano passado (com estreia em Maio). Ao todo, já angariou 4450 milhões de euros. Além das OTRV, o Estado financia-se através dos certificados do tesouro e do aforro, bem como por via da emissão de bilhetes e obrigações do tesouro (junto de investidores institucionais).

Ao contrário dos certificados, que são vendidos ao retalho através dos CTT, as OTRV são colocadas junto do grande público via balcões dos bancos (como os do BPI, CGD, Novo Banco, BCP e Caixa Central – Caixa Central de Crédito Agrícola Mútuo).

PÚBLICO -
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Na emissão em causa, esta vence a 12 de Abril 2022. As OTRV pagam juros semestrais, calculados a uma taxa variável que será igual à Euribor a seis meses acrescida de 1,90%. Como a Euribor a seis meses está em valor negativo, a taxa mínima é de 1,90%.

Conforme já esclareceu o PÚBLICO, a subscrição de OTRV tem custos elevados, o que pode anular a rentabilidade no caso de aplicação de pequenos montantes. A rentabilidade efectiva da aplicação só é medida pela TIR — taxa interna de rentabilidade líquida. Trata-se um cálculo que à taxa de juro bruta (1,9%) retira os imposto (IRS a 28%) e todas as comissões pagas, aos valores actuais. Em alguns casos, e para aplicações até cinco mil euros, a TIR pode apresentar valores negativos, ou seja, pode acabar representar um prejuízo efectivo para o investidor/cliente.

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