Sumol+Compal antecipa queda nas vendas de refrigerantes em Portugal

Imposto sobre bebidas com açúcar entra em vigor a 1 de Fevereiro.

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A empresa vai apostar mais nos mercados externos daniel rocha

A pouco mais de duas semanas da entrada em vigor do novo imposto sobre as bebidas açucaradas, a maior empresa portuguesa de sumos antecipa uma queda nas vendas de refrigerantes. Para responder ao "ataque fiscal", introduzido pelo Governo no Orçamento do Estado para 2017, a Sumol+Compal prepara a reformulação de produtos e mais investimento nos mercados externos.

"O mercado português de refrigerantes terá tendência para decréscimo", disse Diogo Pereira Dias, gestor da empresa, durante uma conferência organizada pela Centromarca, Associação de Empresas de Marca, que decorre nesta sexta-feira em Lisboa.

Para responder ao que designou de "ataque fiscal", Diogo Pereira Dias adiantou que a Sumol+Compal reforçou a aposta na "inovação, na reformulação de produtos e na internacionalização". "As empresas menos dependentes do mercado nacional são menos afectadas por esses efeitos", defendeu, acrescentando que "quanto mais difícil é o mercado nacional mais flexibilidade" tem uma empresa e maior o interesse na internacionalização. Actualmente, 30% do negócio da Sumol é feito fora de portas e o peso dos mercados externos quadruplicou desde 2008.

Diogo Pereira Dias sublinhou ainda que Portugal é o país da União Europeia "com uma fiscalidade mais pesada sobre as bebidas refrigerantes".

O imposto sobre bebidas adicionadas de açúcar “ou outros edulcorantes” começa a ser aplicado a 1 de Fevereiro e varia entre os 8,22 euros e 16,46 euros por hectolitro (100 litros), consoante o grau de açúcar presente. Assim, por litro, varia entre os oito e os 16 cêntimos. O Governo espera encaixar 80 milhões de euros com esta alteração ao IABA, o Imposto sobre o Álcool e Bebidas Alcoólicas.

Além dos refrigerantes, também são abrangidas as bebidas com baixo teor alcoólico (superior a 0,5% de volume e inferior — ou igual — a 1,2%). A sidra ou o hidromel, por exemplo, estão incluídas nesta categoria. Sempre que o teor de açúcar for inferior a 80 gramas por litro, o imposto será de 8,22 euros por hectolitro. Quando a quantidade de açúcar é igual ou superior a 80 gramas por litro, o valor aumenta para 16,46 euros.

Pelas contas da consultora pwc, uma garrafa de um litro de coca-cola normal (106 gramas de açúcar por litro) sofrerá uma tributação, em sede destes imposto, de 16 cêntimos. Sobre este valor incidirá ainda IVA à taxa normal.

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