O dia em que Hinckley atirou sobre Reagan para impressionar Jodie Foster

Killing Reagan, telefilme que retrata a tentativa de assassinato de Ronald Reagan em 1981, tem estreia este domingo, às 22h30, no canal National Geographic.

Fotogaleria
Kyle S. More interpreta John Hinckley Jr., o rapaz que tentou assassinar Ronald Reagan NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
Tim Matheson é Ronald Reagan; Cynthia Nixon é Nancy Reagan NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
Ronald Reagan escapou quase milagrosamente à tentativa de assassinato de que foi alvo NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL
Fotogaleria
NATIONAL GEOGRAPHIC CHANNEL

A 30 de Março de 1981, Ronald Reagan estava a sair do Washington Hilton Hotel, em Washington D.C, onde discursara perante um sindicato, quando John Hinckley Jr. disparou, atingindo o presidente no peito com uma bala que fez ricochete na limousine que o esperava. Três membros do séquito do presidente ficaram feridos e Reagan foi imediatamente levado para o hospital, sobrevivendo quase miraculosamente ao ataque. Killing Reagan, o telefilme que reconstrói os acontecimentos a partir do livro de Bill O’Reilly, tem estreia marcada para este domingo às 22h30 no canal National Geographic.

Ninguém poderia adivinhar as pretensões de John Hinckley Jr. quando rumou à capital e esperou entre a multidão para ver Ronald Reagan. À primeira vista, o então jovem de 25 anos era apenas mais um turista que queria olhar de perto o novo Presidente, também ele um ícone de Hollywood. Mas o socialmente inapto Hickley planeava matar Reagan e deixar o seu cunho na História para ganhar o afecto da jovem actriz Jodie Foster, que alcançou fama mundial quando interpretou a prostituta adolescente de Taxi Driver (1976). No filme de Martin Scorsese, recorde-se, o protagonista Travis Bickle (Robert De Niro) planeia matar um candidato presidencial, o senador Charles Palantine (Leonard Harris), mas é travado a tempo pelos seus seguranças.

Killing Reagan tem início nos dias que precedem a eleição norte-americana de 1980 que opôs Ronald Reagan e o então Presidente Jimmy Carter. John Hinckley Jr. (Kyle S. More) é um jovem neurótico e obsessivo que afaga os posters de Jodie Foster espalhados pelo seu quarto. Enquanto assiste à notícia da morte de John Lennon, pensa como gostaria de ser, naquele momento, Mark Chapman. Decerto a actriz sabia quem era o assassino de Lennon. Ele era famoso e Hinckley queria ser como ele.

Nos bastidores da campanha de Ronald Reagan (Tim Matheson), a equipa do senador decide que deve apostar no seu carisma perante as multidões, característica que mantém durante todo o seu mandato e mesmo depois da tentativa de assassinato. “Ele ficou consciente da sua vulnerabilidade, do fio delicado que o agarrava à vida, e sentiu que sobreviveu por um motivo”, explica Tim Matheson à National Geographic, concretizando que Reagan queria “fazer um acordo de paz com a Rússia e tornar o mundo mais seguro”.

Cynthia Nixon veste a pele de Nancy, a companheira de todas as horas de Reagan. A actriz explica que Nancy era política embora não no sentido lato do termo: sabia ler bem as pessoas e antecipar quem estava do seu lado. “Ela era como um cão de guarda e, às vezes, um cão de ataque para que o marido não tivesse de o ser”, diz Cynthia Nixon.

O filme é adaptado do livro de Bill O’Reilly, conhecido apresentador da conservadora Fox News que tem estado nas bocas do mundo devido à sua alegada adesão às teses da supremacia branca. Intercalando a ficção com imagens reais dos discursos de Carter e Reagan, Killing Reagan acompanha Reagan na sua luta pela sobrevivência e mostra as consequências do ataque na sua vida política e pessoal.

Distúrbios mentais

Hinckley começou a mostrar sinais de perturbação anos antes de tentar assassinar Reagan. Segundo um perfil feito pelo jornal norte-americano The Washington Post, nunca conseguiu integrar-se na escola em que andava. Durante cerca de sete anos, frequentou com algumas interrupções a Texas Tech University, mas nunca conseguiu integrar-se. “Havia algum nervosismo nele”, disse ao Post um contínuo do seu dormitório. “Ele andava muito de um lado para o outro e ficava mais inquieto à medida que a conversa avançava."

Em 1980, John Hinckley deixou a faculdade e começou a desenvolver uma obsessão por Taxi Driver – que terá visto mais de 15 vezes no cinema – e a fantasiar com uma relação com Jodie Foster Na altura, enviou várias cartas à jovem actriz, tentou telefonar-lhe e chegou, inclusive, a segui-la no campus da Universidade de Yale, onde esta estudava Literatura.

Por volta da mesma altura, começou a ser tratado por um psicólogo que achava que a perturbação do seu paciente advinha da sua incapacidade de corresponder às expectativas da família. Sentindo-se perdido e forçado pelo pai a viver sozinho, John Hinckley partiu para DC e deixou uma carta final a Foster, aparentemente esperando impressioná-la com a tentativa de assassinato de Reagan. “Ele podia passar de não sentir qualquer emoção para sentir demasiada emoção”, diz Kyle S. More, que interpreta Hinckley no filme. O actor assinala que “a saúde mental era diferente na altura, ele não a compreendia como nós compreendemos hoje”.

Antes do julgamento, os médicos diagnosticaram-lhe um conjunto complexo de distúrbios mentais que incluía transtorno de personalidade, esquizofrenia, depressão. Hinckley também foi descrito como tendo comportamentos autistas e incapacidade de distinguir entre a ficção e a realidade. Depois de quatro meses a ser examinado no Federal Correctional Institute, na Carolina do Norte, foi considerado inocente devido à doença psicológica e enviado para um hospital psiquiátrico, onde permaneceu até Julho de 2016.

Sugerir correcção
Comentar