Infectos telemóveis

Proponho que por cá se siga o saudável exemplo japonês.

Nas casas de banho do aeroporto de Narita, perto de Tóquio, ao lado dos rolos de papel higiénico, há rolinhos com folhas para limpar os telemóveis. A notícia foi dada pelo Guardian, por exemplo, no já cansativo tom “estes japoneses são malucos de todo”. A verdade é que os japoneses estão apenas a proteger-se dos maus hábitos e da falta de higiene dos estrangeiros que os visitam.

Toda a gente sabe que um telemóvel tem mais bactérias más do que uma sanita. Uma sanita é limpa por água e lixívia várias vezes por dia. Já um telemóvel tem sorte se sofrer a passagem de um paninho do pó uma vez por semana.

Aqui em Portugal, pelo menos, as pessoas pegam nos telemóveis uns dos outros com alegre indiferença ao contágio de doenças terríveis. Talvez não saibam que muita gente já não consegue ir à casa de banho fazer as necessidades sem levar também o telemóvel.

O que se passa lá dentro não sei. Mas desconfio galopantemente que não fica no bolso ou na mala no caso de se receber um telefonema urgente. Mesmo responder a um telefonema é vergonhoso: não engana ninguém aquela sonoridade com eco de azulejos lusitanos. Deveríamos recusarmo-nos a apertar a mão de alguém que esteve a mexer no telemóvel. Imagine-se essa pessoa a passar os dedos pelo interior de uma sanita ou a bater lá o ritmo do Malhão – para aí umas 30 vezes por dia. Ah pois.

Proponho que por cá se siga o saudável exemplo japonês. Coloquem-se os rolinhos ao pé dos lavatórios com uma tabuleta a dizer só “E já agora…”

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