Banco de Portugal alerta para necessidade de cortar no endividamento

Regulador aponta para riscos decorrentes do endividamento público e privado.

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Carlos Costa considera baixo crescimento económico uma ameaça ao sistema evr enric vives-rubio

O Banco de Portugal (BdP) considera que a redução do endividamento público e privado é decisiva para assegurar a estabilidade financeira, apontando também para o baixo potencial de crescimento económico como ameaça ao sistema.

Segundo o banco central, subsistem riscos no plano internacional para o sector financeiro, como o prolongamento do ambiente de baixas taxas de juro, a deterioração das perspectivas económicas de países em que os bancos portugueses têm exposição, a maior volatilidade da dívida soberana e os problemas com os activos malparados da banca.

"No plano nacional, os efeitos de uma eventual materialização destes riscos poderão ser agravados no contexto de baixo crescimento potencial (não obstante o desempenho da economia portuguesa ter superado, no terceiro trimestre, o que estava anteriormente projectado) ", assinalou a entidade no Relatório de Estabilidade Financeira (REF) de Novembro divulgado nesta quarta-feira.

E destacou: "A redução sustentada do endividamento público, assente numa trajectória de consolidação orçamental, e do endividamento das empresas e das famílias é fundamental para a estabilidade financeira".

Além dos riscos identificados, cuja natureza "manteve-se praticamente inalterada" em relação à edição de Maio do REF, o BdP aponta para "um conjunto de vulnerabilidades" do próprio sistema financeiro que "poderá condicionar a sua resiliência".

O elevado <i>stock</i> de activos não geradores de rendimento no balanço dos bancos e a exposição significativa à dívida pública, ao sector imobiliário e a empresas com forte exposição a economias emergentes com quebra de actividade económica são as vulnerabilidades destacadas pelo regulador.

"Acresce que o modelo de negócio dos bancos portugueses, como o de outros bancos europeus, é particularmente sensível ao ambiente prolongado de baixas taxas de juro", sublinhou o BdP, vincando que tal dificulta a geração de resultados e, por essa via, capital, prejudica "a percepção do sector junto dos investidores, quer para efeitos de reforço de capital (por atuais e/ou potenciais novos accionistas privados), quer para a colocação de dívida nos mercados financeiros por grosso".

Ainda assim, a instituição liderada por Carlos Costa salienta que, "nos últimos meses, se constatou interesse por parte de investidores privados em entrar ou reforçar a sua participação em grupos bancários nacionais".

É o caso do BCP, que oficializou há poucos dias a entrada do grupo chinês Fosun no seu capital, ou do Banco BPI, que está sob uma oferta pública de aquisição (OPA) lançada pelo catalão CaixaBank, que é o seu maior accionista.
 

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