Portugal vai ter centro europeu de investigação de medicina regenerativa

A sede será em Guimarães, arrancará em Fevereiro de 2017 e o nome escolhido é uma alusão aos Descobrimentos.

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Maria João Gala

Traduzindo para português, chama-se As Descobertas – Centro para a Medicina Regenerativa e de Precisão e vai ser um centro europeu de investigação de excelência com sede em Portugal. A Comissão Europeia acabou de aprovar cerca de 15 milhões de euros para o financiamento directo deste centro, uma candidatura que foi coordenada pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

Liderado pela Universidade do Minho, o centro contará ainda com a parceria da University College de Londres (Reino Unido), da Universidade do Porto, da Universidade de Aveiro, da Universidade de Lisboa e da Universidade Nova de Lisboa. Arrancará oficialmente em Fevereiro de 2017, com a assinatura em Bruxelas do contracto de financiamento – anunciou em comunicado esta segunda-feira a Universidade do Minho.

O centro, cujo nome só foi divulgado em inglês (The Discoveries Centre for Regenearative and Precision Medicine), dedicar-se-á à investigação de doenças músculo-esqueléticas, neurodegenerativas e cardiovasculares. “Pretendemos desenvolver terapias para salvar vidas e prolongar a qualidade de vida das pessoas. Como não há especialistas nestas três áreas [em simultâneo], fizemos parcerias”, esclarece ao PÚBLICO Rui L. Reis, o coordenador científico do novo centro e que é vice-reitor da Universidade do Minho.

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Rui L. Reis é o coordenador científico do novo centro DR

“Durante dois anos, vamos instalar-nos. Neste processo, iremos recorrer a equipamentos já existentes nos centros com que colaboramos”, salienta Rui Reis, doutorado em engenharia de polímeros, biomateriais e engenharia de tecidos humanos. O também presidente da Sociedade Internacional de Engenharia de Tecidos e Medicina Regenerativa considera que o novo centro terá um “efeito estruturante na ciência portuguesa”.

A sede será no Avepark – Parque de Tecnologia das Caldas das Taipas, em Guimarães. As instalações fazem parte do Roteiro Nacional de Infra-estruturas, promovido pela FCT. Neste caso, esta infra-estrutura do Roteiro é a TERM Research Hub (de Tissue Engineering and Regenerative Medicine), e será dedicada à engenharia de tecidos humanos, à medicina regenerativa, aos biomateriais e às células estaminais. Além dos 15 milhões de euros agora aprovados, a sede do novo centro terá um investimento adicional de 11 milhões, que serão assegurados pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte e pela FCT.

Nos próximos sete anos, espera-se que sejam investidos no centro As Descobertas 100 milhões de euros, com o apoio da FCT e das Comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte, do Centro e de Lisboa e Vale do Tejo, refere o comunicado de imprensa.

Rui Reis destaca ainda o “rigoroso” processo de candidatura europeia a que a proposta foi sujeita nos últimos três anos. Ao todo, foram apresentadas 170 candidaturas e apenas dez foram seleccionadas. O centro As Descobertas foi o único projecto português aprovado.

Além da sede no Minho, o centro As Descobertas terá instalações no Porto, em Aveiro e em Lisboa, assim como um “campus” de apoio em Inglaterra. “Em Londres, teremos uma parceria com uma das melhores universidades do mundo, da qual saíram muitos prémios Nobel. Desta forma, vamos ter auxílio em áreas em que eles são os melhores, como nos ensaios clínicos e nas start-ups”, afirma Rui Reis.

O investigador calcula que sejam “centenas” os cientistas a trabalhar no novo centro, seja a investigar exclusivamente aí ou em colaboração. Espera não só que o centro atraia os melhores cientistas a nível mundial, como impulsione o regresso a Portugal cientistas portugueses espalhados pelo mundo. “O novo centro irá contribuir para o aumento da competitividade do sector da biomedicina e irá estimular, de forma geral, o emprego científico altamente qualificado e o crescimento económico a vários níveis”, sublinha ainda o comunicado.

Mas porquê The Discoveries Centre? “Por alusão às Descobertas portuguesas”, responde Rui Reis. “Seremos um dos melhores centros a nível mundial com sede em Portugal.”

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