Tijuana: uma feira-catalisadora-promotora de arte impressa

Feira Tijuana de Arte Impressa realiza-se no Porto a 8 e 9 de Outubro. É a primeira vez que sai da América Latina para apoiar projectos e artistas e abrir um pouco o universo da publicação independente

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A Feira Tijuana de Arte Impressa vai cruzar o Atlântico e atracar em solo português. A primeira edição fora da América Latina acontece a 8 e 9 de Outubro, no Círculo Católico de Operários do Porto (Rua Duque de Loulé, 202), e tem entrada livre.

É a 12.ª vez que se realiza esta feira que nasceu em 2009 em São Paulo com o objectivo de apoiar projectos e artistas independentes que precisam de uma plataforma de distribuição e promoção e, pelo meio, abrir um pouco este universo. Se no início se realizava numa galeria, hoje ocupa um edifício de três andares na cidade, contando com 150 participantes na última edição. Já passou também pela Argentina, Peru e chega agora a Portugal pela mão da paulista Luciana Florence, formada em jornalismo, e da designer Carla Pinto, a única portuguesa no projecto, a quem se juntaram mais tarde o designer Renato Breder e a produtora cultural Mariana Vitale.

Já existem várias feiras de edições independentes em Portugal — porquê mais uma? Porque a Tijuana é diferente, garante Carla, que começou a magicá-la quando Luciana, Lu para os amigos, chegou ao Porto em 2015. Enquanto a amizade florescia foram estabelecendo comparações entre o panorama cultural brasileiro e português e, assim, surgiu o projecto de organizar uma feira de arte impressa, até atendendo à formação académica de ambas.

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Panorama da última edição em São Paulo DR

O que diferencia a Tijuana de todas as outras feiras semelhantes é que "procura ter uma estrutura mais profissional", apostando numa divulgação forte e atempada sob o guarda-chuva da casa-mãe, as Edições Tijuana, ainda que não conte com qualquer apoio ou patrocínio. Além de que engloba não só editores independentes, mas também artistas, ambicionando potenciar sinergias entre eles e derrubar fronteiras. A ideia é que um universo que é de “nicho” deixe de ser tão “restrito”, nem que seja por dois dias. “Pela estrutura que tenta ter, leva a arte impressa para o nicho mas também para um público novo, que é puxado para vir a uma feira que tem material não tão ‘mainstream’”, explica Carla.

Os quase 40 participantes, entre artistas e editores, vão espalhar-se por várias bancas, onde vão expor e vender obras, "zines" e livros. Pela ligação à América Latina, há naturalmente quem venha do Brasil, Chile e Argentina, mas o grosso da presença é portuguesa (vê a lista completa à esquerda). Em paralelo realizam-se “workshops”, conversas, lançamentos de livros e uma exposição do Museu Nacional de Imprensa (há até um ex-tipógrafo a fazer composição manual). A música estará a cargo da loja Matéria Prima.

O propósito final é que a Tijuana possa ser um catalisador de criatividade, promovendo o encontro e a troca de ideias entre “inúmeras pessoas que estão todas a fazer o mesmo mas que estão isoladas”. “Um nicho é sempre um nicho”, diz Carla, mas pode “abrir-se um bocadinho”. “A nossa intenção era que daqui a dois meses víssemos pessoas a trabalhar em conjunto porque se conheceram aqui. Não é prejudicar as pequenas iniciativas [outras feiras], mas sim trazer-lhes algo. Para agitar, fazer algo diferente.”

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