Bel investe dez milhões para produzir "leite de vacas felizes" nos Açores

Dona do Terra Nostra lança nova linha de produção para leite certificado. Vacas estão 365 dias por ano ao ar livre.

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As vacas estão ao ar livre e não comem rações Paulo Ricca/arquivo

A Bel, dona da marca Terra Nostra, investiu cinco milhões de euros numa nova linha de produção na fábrica que detém nos Açores para produzir leite de pastagem, proveniente de vacas que se alimentam exclusivamente ao ar livre 365 dias por ano e sem recurso a rações. O projecto "Leite de Vacas Felizes" arrancou há um ano e meio e o novo leite, certificado e da marca açoreana Terra Nostra, chegou às prateleiras dos supermercados este fim-de-semana.

Ana Cláudia Sá, directora geral da Bel em Portugal, adiantou ao PÚBLICO que no total a empresa francesa tem previsto um investimento de 10 milhões de euros até 2018, grande parte na investigação e desenvolvimento. Para já, a fábrica está a produzir 60 mil litros de leite por dia e a expectativa é aumentar para 70 mil no Verão. A capacidade máxima é de 35 milhões de litros por ano.

Para abastecerem a nova linha, os produtores têm de cumprir uma extensa lista de regras. A Bel trabalha com 500 produtores nos Açores mas até agora são 34 os que se habilitaram a fornecer a nova linha de produção. Ana Cláudia Sá adianta que a próxima etapa é trabalhar com as explorações que, por enquanto, ainda não têm capacidade para abastecer e produzir leite de pastagem.

"Hoje é um dia histórico, depois de muito trabalho e muito esforço nosso e dos nossos parceiros", disse a directora-geral, durante a inauguração da nova linha, onde marcaram presença representantes da indústria, da grande distribuição e produtores. "É o início de uma nova era do leite em Portugal" e o "primeiro leite de pastagem" do mercado nacional. Nas prateleiras dos supermercados, o preço de referência é de 77 cêntimos.

Os produtores de leite têm enfrentado dificuldades com a baixa dos valores a que está a ser paga a matéria-prima. O fim das quotas leiteiras e a redução de consumo provocaram um excesso de stock que, por seu turno, levou a uma redução de preços.

Em Portugal, os agricultores recebiam 36 cêntimos por litro em 2014 mas o valor caiu para cerca de 28 cêntimos em 2016. "Vivemos um ciclo deflacionista e é o mais longo de que há registo", que põe "em risco a sustentabilidade da indústria", realçou Ana Cláudia Sá.

Para Robert Schlingensiepen, vice-presidente do grupo Bel (que também foi director-geral da empresa em Portugal), a "resposta para os Açores passa pela diferenciação", fugindo de mercado onde impera "a variável preço".

Além da Terra Nostra, a multinacional detém o queijo Limiano e a Vaca que Ri.

O Público viajou para os Açores convite da Bel
 

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