Edgar Silva acusa Marcelo de propaganda primária para "demonstrar o que não é"

O candidato presidencial apoiado pelo PCP critica o “conspirador”, a “maledicência” e a “intriga” que há no professor de Direito, que se quer “sobrepor a todos”.

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Edgar Silva saliente que o seu opositor de direita "sempre esteve e está umbilicalmente ligado a todas as políticas que PSD e CDS impuseram” Daniel Rocha

Edgar Silva acusa Marcelo Rebelo de Sousa de propaganda primária na corrida a Belém, para "demonstrar o que não é e esconder quem é".

"Existe uma preocupação em se mostrar anti-Cavaco Silva, como se não fosse conselheiro de Estado e da sua confiança total, que se apresenta ao eleitorado como seu natural sucessor, mas querendo-se mostrar quase mais esquerdista do que os que são de esquerda, mais opositor, ele que sempre esteve completamente comprometido", disse Edgar Silva.

Falando à margem de uma reunião com movimentos de defesa do Ramal ferroviário da Lousã, no distrito de Coimbra, desactivado há cerca de seis anos, o candidato comentava assim a entrevista à SIC de Marcelo Rebelo de Sousa, outro dos candidatos presidenciais nas eleições marcadas para 24 de Janeiro.

Segundo Edgar Silva, o afastamento da matriz de Marcelo Rebelo de Sousa "não se faz sentir só nas críticas a Cavaco Silva, mas também no esforço para demonstrar que vai assumir as funções como quem será capaz de criar consensos e prevenir crises, ele que sempre foi conspirador, utilizou a maledicência e a arma da intriga para derrubar tudo e a todos e se sobrepor".

"Há toda uma operação de propaganda e um esforço de cosmética para tentar apagar a memória colectiva e fazer esquecer que foi presidente do PSD, um dos seus mais altos responsáveis, com vários cargos, completamente comprometido com o partido, que sempre esteve ligado a tudo o que de pior nas políticas de direita foram impostas a Portugal", sublinhou.

Salientando que "este é um tempo estranho, em que não se olham a meios para se demonstrar o que não é e para esconder aquilo que é", o candidato comunista disse ainda que o seu opositor "sempre esteve e está umbilicalmente ligado a todas as políticas que PSD e CDS impuseram de destruição e empobrecimento, contra o interesse nacional".

Após uma reunião informal com cerca de duas dezenas de apoiantes e elementos de movimentos que exigem a reposição do comboio no Ramal da Lousã, após a desactivação da linha ferroviária em 2010, Edgar Silva considerou que se trata de uma "luta justíssima".

Marcelo e as "calças do pai"
Também o secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, apontoi baterias a Marcelo Rebelo de Sousa, acusando-o de ter feito durante anos "propaganda gratuita" nas televisões e de afirmar que não necessita de cartazes durante a campanha.

"Achei um piadão ontem (segunda-feira), Marcelo Rebelo de Sousa, naquele estilo próprio que tem em que dizia: 'bom, eu nem vou usar cartazes porque isso é um custo, é um gasto, o país não está para isso'. Obrigadinho, com as calças do meu pai também sou um homem porque, obviamente, anda há quatro ou há seis ou há não sei quantos anos nas televisões a fazer propaganda gratuita, portanto não precisa de cartazes", disse.

Jerónimo de Sousa, que falava em Campo Maior, Portalegre, durante um almoço convívio com simpatizantes e militantes do PCP, criticou a entrevista de Marcelo Rebelo de Sousa à SIC, sublinhando que o candidato tem que ser "derrotado" porque conta com o apoio da direita.

O actual chefe de Estado, Cavaco Silva, também não foi poupado por Jerónimo de Sousa durante o seu discurso, onde acusou o Presidente da República de ter desenvolvido um papel de "filiado no PSD" nos últimos anos.

"Cavaco Silva assumiu o seu papel de filiado no PSD, não de Presidente da República, não de presidente de todos os portugueses, mas claramente membro do PSD, que fez tudo para encontrar a solução que melhor convinha ao seu partido", disse.

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