Maior central nuclear norte-coreana está "totalmente operacional"

Pyongyang diz que melhorou os níveis de produção e qualidade das suas armas nucleares e indica que pode repetir envio de satélite de 2012.

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Imagem de satélite mostrando o reactor nuclear de Yongbyon AFP

A Coreia do Norte anunciou nesta terça-feira que a sua principal central nuclear está “totalmente operacional” e que tem vindo a melhorar as suas armas nucleares “em quantidade e em qualidade”. A notícia de que a central de Yongbyon está em funcionamento surge apenas um dia depois de a agência espacial norte-coreana ter indicado que pode estar a preparar o lançamento de um satélite espacial em Outubro.

Pyongyang encerrou o seu reactor de Yongbyon em 2007, a troco de ajudas económicas, mas decidiu reabri-lo em 2013, no momento do seu terceiro ensaio nuclear e no mesmo ano em que o país se retirou do Tratado de Não-Proliferação. Esteve em obras desde então, operando abaixo das suas capacidades totais. A central tem capacidade para produzir seis quilos de plutónio em cada ano. O suficiente para uma bomba nuclear.

Na segunda-feira, o regime liderado por Kim Jong-un disse que estava considerar o lançamento de satélites espaciais para celebrar o 70º aniversário do Partido dos Trabalhadores da Coreia, que se celebra em Outubro. Como escreve a AFP, Pyongyang parece ter coordenado esta declaração com a notícia do normal funcionamento de Yongbyon, possivelmente para marcar a agenda internacional antes do encontro entre os líderes norte-americano e chinês em Washington, agendado para o final deste mês.

O anúncio desta terça-feira, aliás, veio acompanhado da já habitual ameaça aos Estados Unidos e Ocidente. “Se os Estados Unidos ou outras forças hostis persistirem nas suas políticas hostis, a [Coreia do Norte] está preparada para lidar com eles através das suas armas nucleares a qualquer momento”, disse o director do Instituto de Energia Atómica de Pyongyang, citado pela agência de notícias do Estado.

As negociações sobre o nuclear norte-coreano estão num impasse desde 2009. Integram seis países, incluindo os Estados Unidos e a China, e têm como objectivo pôr um fim ao desenvolvimento de armas nucleares por Pyongyang. O lançamento de satélites é encarado no exterior como testes encobertos a mecanismos de foguetão.

Em 2012, Pyongyang aceitou suspender o seu programa nuclear em troca de ajuda alimentar dos Estados Unidos. O país atravessava então uma grave crise agrícola, que se repete este ano. A decisão resultou de negociações entre representantes norte-coreanos e americanos em Pequim.

De acordo com o comunicado oficial divulgado pela KCNA, o regime aceitava então “uma moratória sobre ensaios nucleares, lançamentos de mísseis de longo alcance e actividades de enriquecimento de urânio em Yongbyon”, para além da fiscalização externa aos seus programas de enriquecimento de urânio. Mas o acordo caiu por terra no final de 2012, quando o regime lançou para o espaço um satélite a bordo do foguetão Unha-3.  

Em Julho deste ano - e depois de a China ter alertado que o programa nuclear norte-coreano já poderia ter construído 20 ogivas e que armamento poderia duplicar no próximo ano -, o regime dirigido por Kim Jong-un fez saber que não participará em negociações como as que se realizaram com o Irão e considerou que as armas nucleares são um "instrumento essencial para proteger soberania" da Coreia do Norte.

"Não é lógico comparar a nossa situação com o acordo sobre o programa nuclear iraniano porque estamos sempre sujeitos a hostilidades provocatórias por parte do Exército norte-americano, incluindo grandes exercícios militares conjuntos [com a Coreia do Sul] e uma grave ameaça nuclear", explicava na altura um comunicado do Ministério das Relações Exteriores norte-coreano.

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