“PS no Governo sempre fez uma política de direita”, acusa Jerónimo de Sousa

Dirigente comunista reconheceu diferenças com o PC chinês que não impedem relacionamento.

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Jerónimo de Sousa diz que o Governo está a criar uma geração sem direitos e mais empobrecida Enric Vives-Rubio

“O PS apresenta-se de esquerda, mas quando esteve no Governo praticou uma política de direita apoiada pelo PSD e CDS”, considerou esta terça-feira Jerónimo de Sousa. Em entrevista à SIC Notícias, a perguntas de jornalistas e espectadores, o secretário-geral do PCP marcou diferenças com os socialistas. Recordou as diferentes posições sobre a dívida e o tratado orçamental.

“Não há nenhum obstáculo com o PS, não é uma questão de saber se Costa é mais simpático que António José Seguro, o problema não é de liderança [socialista] mas em termos programáticos”, destacou. “O PS não aprendeu com a lição”, considerou o dirigente comunista.

“Vamos ter de renegociar a dívida, essa é a nossa proposta, enquanto o PS varre o problema para debaixo do tapete como se não existisse”, disse Jerónimo. “O PS diz que é possível através de uma política inteligente tornear o pacto orçamental, mas não sabe como”, exemplificou.

O secretário-geral do PCP recordou, ainda, a posição da sua bancada no chumbo ao PEC IV [Programa de Estabilidade e Crescimento] que levou, em 2011, à queda do executivo de José Sócrates. “Antes do PEC IV, houve o PEC I, o II e o III, e vários orçamentos sempre com o apoio da direita”, disse. No PEC IV, lembrou, “estavam previstos cortes nos salários e pensões, medidas contra o Serviço Nacional de Saúde e a favor das privatizações, na verdade era uma antecâmara do memorando de entendimento.”  

Sobre as presidenciais, nada de novo. O empenhamento dos comunistas está nas eleições legislativas de 4 de Outubro. Só depois, será tomada uma decisão. “O PCP irá intervir de modo próprio para que na Presidência da República esteja alguém que cumpra e faça cumprir a Constituição da República”, anunciou.

Sobre um possível apoio a Maria de Belém Roseira ou a Sampaio da Nóvoa, o líder comunista, que por duas vezes foi candidato do seu partido a Belém, nada adiantou. “Ainda não decidimos, só depois das legislativas”, insistiu.

Jerónimo de Sousa foi ainda questionado sobre a situação na China. “Estamos a falar de uma realidade complexa, com uma história e uma cultura muito diferentes da nossa”, avisou. Sempre disse que na origem das recentes dificuldades na economia chinesa, “as turbulências na bolsa”, estiveram os especuladores.

“A ideia de um país, dois sistemas abre contradições que estão em desenvolvimento”, admitiu. Mas mostrou-se prudente na análise. “É apressado fazer juízos de valor, não costumamos fazer críticas, não temos informações suficientes para fazer um juízo de valor”, considerou.

Jerónimo reconheceu, por fim, “a existência de diferenças significativas com o PC chinês”. Mas ressalvou: “Não impedem um relacionamento entre nós”.  

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