Vagas do ensino superior voltam a baixar este ano

Concurso nacional de acesso inicia-se nesta segunda-feira. Há menos 265 vagas disponíveis.

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O número de vagas no ensino superior público, a que os estudantes poderão concorrer a partir desta segunda-feira, é o mais baixo dos últimos seis anos.

Para o ano lectivo de 2015/2016, os alunos que entram no ensino superior através do concurso nacional de acesso, que são a maioria, têm 50.555 lugares disponíveis nas universidades e institutos politécnicos, o que representa uma diminuição de 265 vagas por comparação com o ano lectivo passado e uma redução de quase três mil em relação a 2011, o ano em que se registou a maior oferta da última década (53.500 lugares disponíveis).

Apesar das vagas continuarem em quebra, a redução aprovada para o próximo ano lectivo é menos drástica do que a registada em anos anteriores: menos 641 lugares disponíveis em 2014, 837 em 2013 e um corte de 1202 em 2012.  Esta redução da oferta é resultado da diminuição de candidatos que também se tem registado. Entre 2008 e 2014, o seu número desceu de 53.415 para 42.455. E também das novas regras aprovadas pelo Governo com o objectivo de regular a oferta proposta pelas instituições do ensino superior.

Desde o ano lectivo passado, o número de vagas passou, por exemplo, a estar dependente dos índices de empregabilidade dos cursos: os que têm níveis de desemprego dos seus diplomados superiores aos registados entre os licenciados em geral ou mais altos do que a instituição em que se inserem deixaram de poder aumentar o número de vagas.

Segundo os últimos dados disponibilizados pela Direcção-Geral de Estatísticas da Educação e Ciência (DGEEC), em Dezembro de 2014 estavam registadas nos centros de emprego 8,6% das 146.577 pessoas que se diplomaram no ensino superior público entre 2009/2010 e 2012/2013. No ensino superior privado a percentagem sobe para 12,7%, num universo de 48.342 licenciados. 

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São, aliás, as instituições do superior privado que lideram a tabela dos cursos com maior registo de desemprego, com taxas que oscilam, nos lugares cimeiros da lista, entre 37,4 e 68,9%. Tendo em conta apenas cursos com 40 ou mais diplomados nos últimos anos, a primeira instituição pública surge no  13.º lugar desta tabela. O curso de Línguas e Relações Empresariais da Universidade de Trás-os- Montes e Alto Douro apresenta taxas de desemprego de 35,1%. É o sétimo do país com mais desemprego.

Já entre os cursos do ensino superior com desemprego zero estão os esperados de Medicina, mas também figuram neste pelotão formações como Teologia, da Universidade Católica, Línguas e Culturas Orientais, da Universidade do Minho, ou Música - Variante de Jazz do Instituto Politécnico do Porto.

Numa nota enviada à comunicação social em conjunto com a informação sobre as vagas, a Direcção-Geral do Ensino Superior destaca, a este respeito, que as instituições “seguiram a orientações fixadas pelo Ministério da Educação e Ciência, tendo em vista a regulação da oferta através da empregabilidade e da procura efectiva”.  

Maioria mantém vagas iguais

À semelhança de 2014, o ensino universitário fica com 56% das vagas disponíveis e o politécnico com 44%. Das 33 instituições do ensino superior público, 16 mantiveram o mesmo número de vagas, 12 diminuíram os lugares disponíveis e apenas em cinco registou-se um aumento da oferta, embora residual. O Instituto Politécnico de Lisboa, com menos 59 vagas no concurso nacional de acesso, lidera a tabela das quebras. Segue-se-lhe a Universidade ao Algarve, com uma redução de 54 vagas.

Nas subidas está à frente outro politécnico, o de Setúbal, que oferece agora mais 42 lugares. Para além das vagas fixadas para o concurso nacional de acesso existem outras 616 destinadas ao ingresso em cursos como Dança, Música, Cinema ou Teatro, em que as candidaturas são feitas através de concursos locais organizados pelas próprias instituições, a maior parte delas do ensino politécnico.    

Com 9037 vagas abertas, o que corresponde a 17,7% do total, Engenharia e Técnicas Afins continua a ser a área de estudo com mais lugares disponíveis.  À semelhança também de 2014, as outras duas áreas com maior oferta são as Ciências Empresariais (7686) e Saúde (6656). Nestas duas últimas áreas regista-se, contudo, uma diminuição de vagas em relação às fixadas em 2014: menos 54 nos cursos da área da Saúde e uma redução de 36 lugares nas Ciências Empresariais.

Das 23 áreas de estudo identificadas, 13 têm menos vagas, em sete regista-se uma subida e três mantêm os mesmos lugares. Ciências da Vida, onde se incluem cursos de Ambiente, Biologia e Bioquímica, é a que regista uma maior subida, com mais 110 vagas disponíveis do que em 2014. No sentido oposto seguem as Ciências Físicas, com uma quebra de 79 lugares. Protecção do Ambiente, Indústrias Transformadoras e Informação e Jornalismo são as outras áreas de estudo onde se regista maior redução de vagas.

Direito à frente

Dos 1048 cursos disponíveis, cerca de 800 mantêm o mesmo número de vagas fixado em 2014. Também à semelhança de anos anteriores, os cursos de Direito da Universidade de Lisboa e de Coimbra são os que oferecem mais vagas, respectivamente 480 e 334. Acompanham-nos na liderança os cursos de enfermagem de Coimbra e Lisboa e ainda o de Medicina da Universidade de Lisboa (320, 300 e 295 vagas abertas). Todos eles mantiveram o mesmo número de lugares de 2014. As médias de entrada dos últimos colocados oscilaram entre 17,5 e 13,6.

O curso com menos vagas para 2015/2016 (dez) é o de Engenharia Têxtil da Universidade do Minho. No ano passado a média de entrada do último colocado foi de 14,7. Seis dezenas de cursos não abriram vagas em 2014 ou mudaram de nome, e por isso não têm registo dos lugares que disponibilizaram no ano passado. É o caso, por exemplo, de Engenharia Informática da Universidade do Minho, agora com 140 lugares a concurso.

Em 83 cursos as vagas existentes em 2014 ficaram todas por ocupar. Foi o que se passou, por exemplo, com os cursos de Gestão do Instituto Politécnico de Bragança, oferecido em regime pós-laboral, e com os cursos de Engenharia Civil da Universidades de Aveiro e de Trás-os-Montes, e do Instituto Politécnico de Coimbra. No conjunto, em 2014 ficaram por ocupar metade das 1100 vagas disponíveis nos 20 cursos de Engenharia Civil existentes, tendência que já se registrara em 2013 e que levou a Ordem dos Engenheiros a dizer que o número e candidatos “não chega sequer para compensar as pessoas que vão para a reforma”.

Os cursos de Medicina continuam a ser os que têm médias de entrada mais altas. A Faculdade de Medicina e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, ambos da Universidade do Porto, lideram este pelotão, com médias de 18,3 e 18,1 respectivamente. O curso de Engenharia Aeroespacial do Instituto Superior Técnico, na Universidade de Lisboa, é o terceiro, com uma média de entrada de 18 valores.

No pólo oposto, com a média mínima permitida para o ingresso no ensino superior (9,5 valores), surge Ciências do Desporto da Universidade da Beira Interior. Para além deste, existem outros 12 cursos em que as médias de ingresso não chegam a um 10 redondo, embora equivalham a esta classificação, porque a partir de 9,5 valores já se pode arredondar para o nível seguinte. Com médias entre 10 e 11 valores aparecem 163 cursos. Em 92 dos cursos os alunos só poderão entrar se tiverem resultados superiores a 15 valores.

Um estudo recente da DGEEC mostrou que a média de entrada tem um enorme impacto no percurso posterior dos estudantes no ensino superior. Quase 40% dos alunos que entraram no superior universitário com média de 10 valores em 2011/2012 abandonaram os estudos passado um ano. Uma percentagem que desce para 6% entre os que tiveram 15 valores como nota de ingresso.

A partir desta segunda-feira, e até 7 de Agosto, os alunos que queiram ingressar no superior podem candidatar-se através da plataforma instalada na página da Internet da DGES (http://www.dges.mctes.pt). A candidatura é feita apenas através do sistema online. Os resultados desta 1.ª fase do concurso nacional serão conhecidos a 7 de Setembro.

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