Bicicletas usadas ganham nova vida nas mãos de estudantes da Universidade de Aveiro

Associação Académica da Universidade de Aveiro promoveu uma campanha de recolha de bicicletas usadas e irá, agora, vendê-las a preços simbólicos a estudantes da instituição

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Adriano Miranda

São 15 bicicletas no total, das mais variadas categorias – montanha ou passeio -, em bom estado de conservação, a precisarem apenas de ligeiras afinações ou reparações, e que, agora irão ser vendidas a preços simbólicos (10 ou 20 euros cada) a estudantes da Universidade de Aveiro. Foram doadas por cidadãos, oriundos dos mais variados pontos da região e até do país, que responderam positivamente ao apelo lançado pela Associação Académica da Universidade de Aveiro (AAUAv) naquela que foi a primeira campanha de recolha de bicicletas usadas e que terminou nesta quinta-feira.

Além de dar nova vida a veículos que estão largados ao abandono nas garagens e arrumos das casas de muitos cidadãos, a iniciativa prima por conseguir, também, que os alunos que não têm condições económicas para adquirir uma bicicleta nova, possam ter acesso ao seu próprio veículo a um preço mínimo. E, mais importante do que tudo isso, “é um contributo para a promoção do uso da bicicleta no campus universitário”, destacou André Reis, presidente da AAUAv.

Para o líder dos estudantes, mais importante do que o número total de bicicletas recolhidas é a “mensagem que fica”. “Nesta primeira edição, a expectativa não passava por recolher muitas bicicletas. A ideia é levar a que cada vez mais estudantes usem este meio de transporte para se deslocarem para a universidade, na certeza de que a cidade de Aveiro, sendo plana, tem as condições ideais para andar de bicicleta”, declarou ainda o líder dos estudantes.

“Somos 14.000 alunos no total, ou seja, podemos ser muitos mais a usar este meio de transporte”, argumentou André Reis, em reacção ao actual número de utilizadores da bicicleta no campus (ver caixa).

Esta iniciativa, segundo garantiu ainda o presidente da AAUAv, irá ter novas edições – o objectivo passa por fazer mais do que uma campanha de recolha de bicicletas por ano -, sendo certo que, com as verbas angariadas nas vendas dos veículos, será criado um fundo de apoio à promoção do uso da bicicleta no campus. “A ideia é gerar um Orçamento Participativo Académico para concretizar projectos de bicicleta no campus, dando a oportunidade aos alunos de identificarem que meios ou condições precisam para usarem mais este meio de transporte na universidade”, revelou André Reis.  

Espera-se, assim, que o futuro possa trazer a criação de mais e melhores condições para que cada vez mais alunos, docentes, investigadores e funcionários, recorram à bicicleta para fazerem as deslocações diárias para a universidade. “E importa destacar que já vamos tendo sinais positivos”, referiu o presidente da AAUAv, destacando, por exemplo, o facto dos serviços de Acção Social da UA estarem a criar condições para que “quem vem de bicicleta e precisa tomar duche depois da deslocação, o possa fazer no Pavilhão Aristides Hall”.

Promoção da bicicleta envolve outras entidades
A AAUAv decidiu chamar a si esta campanha na sequência de um desafio lançado “pela própria universidade e pela câmara municipal de Aveiro”. “Esta é uma luta que deve envolver várias entidades”, destacou o líder da associação académica. A comprová-lo está o facto de o fim da campanha de recolha de bicicletas usadas ter servido de pretexto para a realização, nesta quinta-feira, de um debate em torno da promoção da bicicleta da cidade. Uma “conversa ao almoço” que contou com a presença de representantes da autarquia, da universidade e também da PSP.  

Já da parte da tarde, teve lugar uma “Cicloficina”, uma acção promovida pelo movimento Ciclaveiro – um grupo de cidadãos que tem vindo a promover o uso da bicicleta -, onde os participantes tiveram a oportunidade de colocar “as mãos na massa” e partilhar conhecimentos e experiências na arte de pedalar e arranjar bicicletas.

Um encontro que pretendeu motivar os utilizadores deste meio de transporte “a familiarizarem-se com a sua própria bicicleta, apercebendo-se de como se podem tornar responsáveis pelas suas manutenções e reparações”, destacaram os responsáveis do movimento Ciclaveiro. Uma “oficina” aberta ao público em geral e que, segundo garantiu já o movimento, irá ter novas edições nos próximos meses.

Utilizadores da bicicleta no campus são maioritariamente estudantes
Os últimos dados apurados indicam que serão cerca de 200 as pessoas que usam a bicicleta para se deslocarem de e para a Universidade de Aveiro. De acordo com um estudo realizado no âmbito do Mestrado em Planeamento Regional e Urbano (mais concretamente na unidade curricular de Planeamento da Mobilidade) da mesma universidade, e ao qual o PÚBLICO teve acesso, 36% destes utilizadores da bicicleta nas viagens diárias para a instituição de ensino superior dizem que são motivados por razões de bem-estar, enquanto 32% apontam o factor tempo como motivação. As razões financeiras (custo) são evocadas por 17% dos utilizadores e a ecologia é apontada por 10% dos inquiridos – cinco por cento dos inquiridos apontam outros factores.

Segundo conclui ainda este estudo, a grande maioria dos utilizadores da bicicleta na UA (65%) são alunos, seguindo-se os docentes (10%), os investigadores (6%) e os funcionários (4%) e os pós-doc (4%). Em termos de idades, os jovens até aos 25 anos representam a maior fatia (51%), seguidos da faixa etária entre os 26 e os 35 anos (30%) e dos grupos dos 36 aos 45 anos (14%) e com mais de 45 anos (5%).

Já no que diz respeito ao género, os homens lideram a lista: 61% dos que usam a bicicleta para viajar até à universidade são do sexo masculino, contra os 39% do sexo feminino.

O estudo conclui ainda que uma parte significativa dos utilizadores da bicicleta no campus universitário (43%) tem o seu ponto de origem na zona da antiga freguesia da Glória – onde se inclui a universidade. Uma fatia significativa (22%) faz o trajecto a partir da zona da Vera Cruz, sendo que um total de 15% tem origem em Aradas, 4% em São Bernardo – estas mais afastadas da universidade – e 16% afirmam ter origem noutras freguesias.

No que concerne aos horários da realização das viagem de bicicleta, as verdadeiras “horas de ponta” são, durante a manhã, o período entre as 8h30 e as 9h30 e, da parte da tarde, entre as 18h00 e as 19h00.

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