“Patrão” da Fórmula 1 paga 74 milhões para se livrar de julgamento

Bernie Ecclestone estava a ser julgado por suborno, mas conseguiu chegar a acordo para que o caso fosse encerrado.

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Julgamento de Ecclestone começou em Abril Tobias Hase/AFP

Qual é o preço da liberdade? A pergunta está no domínio da Filosofia, mas há quem já o tenha tabelado. 74 milhões de euros é quanto o “patrão” da Fórmula 1, Bernie Ecclestone, está disposto a pagar para pôr fim ao processo por suborno que está em curso num tribunal alemão.

O multimilionário britânico começou a ser julgado em Abril num tribunal de Munique, perante o qual respondia às acusações de ter subornado um banqueiro alemão, Gerhard Gribkowsky, no decorrer da venda dos direitos de exploração comercial da Fórmula 1 ao fundo de investimento britânico CVC.

Na semana passada, os advogados do magnata reuniram-se com representantes do Ministério Público alemão e chegaram a um acordo para que o julgamento não prossiga. O anúncio oficial deverá ser feito nesta terça-feira, mas uma porta-voz do tribunal de Munique disse à Reuters na sexta-feira que “é possível que haja um acordo”. “Houve negociações adicionais entre o Ministério Público, os advogados de defesa e o tribunal e é possível que na próxima semana se chegue a um acordo para fechar o caso”, acrescentou.

Os factos remontam a 2006, quando Gribkowsky era um alto executivo do banco público Bayern LB e estava encarregado de alienar a participação que a instituição detinha sobre os direitos da prova de automobilismo. Segundo a acusação, Ecclestone terá pago 35 milhões de euros ao banqueiro para que o fundo de investimento britânico fosse o escolhido. Gribkowsky foi condenado em 2012 a oito anos e meio por fraude fiscal e por ter aceitado o suborno.

Ecclestone sempre negou as acusações, dizendo que foi alvo de extorsão por parte do ex-banqueiro. Mas a partir de agora a prova da sua inocência irá deixar de ser uma preocupação.

Terá sido o próprio britânico que se deslocou de propósito à Baviera para negociar o acordo, segundo a edição de sábado do Süddeutsch Zeitung. Inicialmente, a acusação fixou o valor do acordo em cem milhões de euros, mas Ecclestone conseguiu baixar para 75 milhões, uma quantia recorde para este tipo de procedimentos.

A lei alemã prevê que possa ser fixado um valor para que um julgamento seja encerrado, caso todas as partes envolvidas cheguem a acordo. Um dos casos mais famosos envolveu o antigo chanceler Helmut Kohl que, por 300 mil euros, colocou um travão a uma investigação sobre donativos ilegais iniciada em 2001.

A quantia astronómica paga pelo multimilionário de 83 anos não deverá, contudo, ter grande impacto na sua fortuna pessoal, avaliada em mais de quatro mil milhões de dólares, segundo a revista Forbes. Ecclestone, que durante quatro décadas geriu a Fórmula 1, poderá agora gozar tranquilamente a reforma, sem mais idas a tribunais.

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