A dieta mediterrânica pode evitar as úlceras gástricas

Equipa da Universidade de Coimbra estudou as reacções químicas quando certos compostos presentes nos alimentos se encontram no estômago.

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Os vegetais são ricos em nitritos e polifenóis Joana Freitas

Agora que a dieta mediterrânica acaba de ser inscrita na lista do Património Imaterial da UNESCO, a 4 de Dezembro, há outra boa notícia sobre ela: um estudo internacional, liderado por investigadores da Universidade de Coimbra, revelou que as reacções químicas no estômago geradas pela dieta mediterrânica podem evitar as úlceras gástricas.

A nova equação de reacções químicas benéficas no estômago geradas pela dieta mediterrânica inclui os nitritos (geralmente sinónimo de molécula altamente tóxica associada ao cancro do estômago) e os polifenóis (símbolo de antioxidantes). O resultado da reacção em conjunto dos nitritos e dos polifenóis é a formação de óxido nítrico, uma pequena molécula de gás que desempenha um papel importante na protecção do estômago de algumas patologias, como as úlceras pépticas.

Publicada em revistas internacionais, como a Toxicology e Free Radical Biology & Medicine, a investigação demonstrou o seguinte: “A dieta mediterrânica contém nitritos em quantidades elevadíssimas (encontrados nos vegetais verdes), assim como polifenóis (presentes nos vegetais, na cebola, vinho, maçã, etc.), que em conjunto produzem óxido nítrico, molécula essencial para proteger o estômago de algumas patologias, através da regulação celular”, refere um comunicado de imprensa da Universidade de Coimbra desta segunda-feira.

“O estômago funciona como um biorreactor que promove as condições adequadas para a produção de óxido nítrico em quantidade suficiente, podendo regular processos gástricos e outros mais globais. E, em caso de inflamação, impedir por exemplo o surgimento de úlceras pépticas, porque modifica a estrutura química de proteínas endógenas que, desta forma, adquirem uma actividade anti-ulcerogénica previamente inexistente”, explicam, no comunicado, os investigadores João Laranjinha e Bárbara Rocha, da Universidade de Coimbra.  

Para chegar a estas conclusões, a equipa, que incluiu Jon Lundberg, especialista no estudo da biologia óxido nítrico no Instituto Karolinska, na Suécia, fez estudos em ratos e em seres humanos.

“Através da dieta alimentar, é possível controlar algumas doenças do estômago, produzindo um regulador celular – o óxido nítrico – por processos puramente químicos. Estamos perante uma mudança de paradigma, porque identificámos nova actividade dos polifenóis e do nitrito no organismo”, sublinha João Laranjinha. “Forma-se uma nova equação: a produção de óxido nítrico a partir destas duas moléculas desencadeia uma série de acções e, em caso de inflamação, são formados compostos anti-ulcerogénicos. O óxido nítrico é, de facto, considerado um grande maestro da regulação celular no organismo.”

 
 
 

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