Quer ajudar a vigiar a gripe? O Gripenet procura voluntários

Todos os residentes em Portugal podem participar na monitorização dos surtos de gripe. Basta registarem-se para a época de 2013-2014, num portal desenvolvido pelo Instituto Gulbenkian de Ciência.

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Aos participantes pergunta-se os sintomas sentidos em cada semana MIGUEL MADEIRA

A gripe é uma infecção respiratória causada pelo vírus influenza. Quando se dissemina rapidamente entre a população, tornando-se uma epidemia, afecta cinco a 15% pessoas desse grupo. Sendo a gripe um problema de saúde pública, torna-se importante vigiar os surtos de gripe, para definir as melhores alturas de vacinação e se a vacinação foi eficaz, ou para melhorar a caracterização dos grupos de risco. Para reunir o maior número de dados possível, o portal Gripenet apela à participação de todos: a campanha para a época de 2013-2014 arrancou esta semana.

O projecto Gripenet, promovido pelo Instituto Gulbenkian Ciência, em Oeiras, recolhe desde 2005 informação sobre os sintomas detectados por cada indivíduo, associando-o a uma determinada área geográfica, de forma totalmente anónima. Os questionários são enviados semanalmente aos utilizadores registados no site, durante os meses de Novembro a Maio, e não demoram mais do que um par de minutos a ser preenchidos.

Nos questionários, o participante indica os sintomas (febre, dores de cabeça, dores musculares…), se foi ao médico, se está medicado ou se foi obrigado a alterar as suas rotinas. Podem ser preenchidos várias vezes por semana, caso o participante queira indicar alguma alteração, e deve ser preenchido mesmo quando não há sintoma nenhum, bastando clicar no botão “declarar sem sintomas”.

A contribuição de todos os indivíduos residentes em Portugal, neste projecto de “ciência cidadã”, permite medir a incidência da gripe, a sua dispersão no território nacional e quais os grupos etários mais afectados. Ao mesmo tempo, os questionários estão formulados para despistar outros sintomas, como os de constipação, de alergias ou problemas gastrointestinais.

Em oito anos, houve 15 mil participantes
No final do questionário, é feita uma avaliação dos sintomas do utilizador, mas esta é apenas indicativa, não pretende substituir um diagnóstico médico. Os resultados são divulgados no “site” sob a forma de mapas e gráficos, podem ser utilizados em estudos científicos e vêm complementar os dados compilados pelo Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge e pela Direcção-Geral da Saúde.

Desde o seu início, o Gripenet já contou com a participação de cerca de 15.000 utilizadores, que podem manter a colaboração em várias épocas de gripe sazonal. “O ideal seria ter 3000 pessoas inscritas por época”, afirma Vítor Faustino, coordenador do Gripenet, e que estas estivessem distribuídas por todo o país. As cerca de 900 inscrições neste momento em Portugal estão ainda longe dos hábitos de participação em países como a Holanda, que já tem esta época 10.000 participantes.

Em Portugal, o maior número de participantes (5000) verificou-se na época 2005-2006, quando o portal foi lançado, provavelmente por ser novidade, indica Vítor Faustino. Entre 2009 e 2011, quando o portal funcionou em permanência por causa da pandemia da gripe A (inicialmente designada como gripe suína), também houve muitas participações (6000).

Quando, naquela altura, foi lançado um inquérito a nível nacional sobre a pandemia, verificou-se que os utilizadores do Gripenet se apresentavam menos ansiosos e tinham menos dúvidas em relação à pandemia, refere ainda Vítor Faustino.

A plataforma europeia InfluenzaNet (2012) foi fundada pelo Gripenet (de 2005), em conjunto com o De Grote Griep Meting (de 2003), da Holanda e Bélgica, do Influweb (de 2008), da Itália, e Flusurvey (de 2009), do Reino Unido. Esta plataforma inclui ainda as plataformas criadas mais recentemente na Dinamarca, Espanha, França, Irlanda e Suécia.

Durante a pandemia de gripe A de 2009, o Gripenet colaborou na criação de plataformas para o México e Brasil. Pelo mundo, existem outras plataformas de monitorização da gripe, como na Austrália, nos Estados Unidos ou em Montreal (no Canadá) e até o Google cria mapas de “zonas quentes” baseados no tipo de buscas.

Os utilizadores do portal Gripenet tem ainda acesso às últimas notícias sobre a gripe ou a outros textos informativos sobre o tema. E até as crianças têm uma área especial – o Gripenet Kids –, onde podem criar a sua personagem, participar nos questionários e jogar, enquanto aprendem mais sobre a gripe e os seus sintomas. Com esta plataforma, os investigadores conseguirão perceber como se comportam a gripe e outros problemas respiratórios no ambiente escolar.

 

 
 
 

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