Comandante Ricciardi apoia sucessão de Ricardo Salgado no BES

António Ricciardi, pai de José Maria Ricciardi, diz que só não apoiou o filho para evitar uma “ruptura institucional imediata” no banco.

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Os grandes accionistas brasileiros da Oi dizem que Ricardo Salgado prestou “afirmações falsas em relação aos investimentos” da PT na Rioforte Nuno Ferreira Santos

Na semana passada, José Maria Ricciardi, actual presidente do Banco Espírito Santo de Investimento (BESI), acompanhou o pai, António Ricciardi (conhecido como "comandante Ricciardi"), a uma reunião convocada por Ricardo Salgado para pedir aos conselheiros um voto de confiança à sua liderança na estrutura financeira do Grupo Espírito Santo (GES).

O conselho superior do GES, que representa os vários ramos da família, é constituído por nove elementos, sendo que apenas cinco têm direito de voto. E quando chegou a vez de António Ricciardi (líder de um dos cinco ramos da família Espírito Santo) se pronunciar, o filho levantou a mão e indagou se não tinha direito de voto, ao que o pai lhe terá respondido: “Aqui quem vota sou eu". José Maria Ricciardi levantou-se e abandonou a sala.

Com 90 anos, o comandante Ricciardi, que preside ao conselho superior, alinhou ao lado de Salgado. No entanto, ao contrário do que o seu voto fazia supor, António Ricciardi vem hoje dizer que apoia a posição do filho.

Em comunicado enviado nesta segunda-feira às redacções, o comandante diz que só não apoiou o voto do seu filho “José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi na moção de confiança pedida por Ricardo Salgado para evitar a ruptura institucional imediata”. O filho, José Maria Ricciardi, opôs-se claramente à aprovação dessa moção de confiança.

No entanto, o comandante Ricciardi diz que subscreve “sem quaisquer reservas a posição assumida pelo Conselho, incluindo” a do seu “filho José Maria Espírito Santo Silva Ricciardi sobre a ‘governance’ e sucessão na liderança do Grupo Espírito Santo”.

Ou seja, apesar do voto de confiança à liderança de Ricardo Salgado na reunião da semana passada, o António Ricciardi, accionista do Grupo Espírito Santo e presidente do Conselho Superior, coloca-se claramente ao lado do filho que assumiu, pela primeira vez em público, a sua oposição à continuação de Ricardo Salgado à frente dos destinos do BES.

O mandato de Ricardo Salgado à frente do banco termina em 2015, mas o processo de sucessão parece já estar definitivamente em marcha, com a ruptura assumida de um dos ramos da família.

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