Encontrado um imigrante morto em Moscovo na zona de protestos anti-imigração

Homem do Uzbequistão apresentava indícios de esfaqueamento. Presidente da câmara de Moscovo responsabiliza extremistas pela violência das manifestações.

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Celebrações do Eid al-Adha, em Moscovo, têm sido vigiadas de perto pelas forças policiais Sergei Karpukhin/Reuters

A polícia de Moscovo encontrou o cadáver de um cidadão originário do Uzbequistão que terá sido esfaqueado durante os protestos anti-imigração no bairro de Biriuliovo, a sul da capital, de acordo com a agência noticiosa Interfax.

O homem encontrado morto, de 51 anos, apresentava várias feridas que terão sido feitas por um objecto cortante, revelaram fontes policiais. Os protestos tinham causado, de acordo com a polícia, 23 feridos, entre os quais dois polícias, que estão ainda hospitalizados.

O bairro de Biriuliovo foi palco de violentos protestos anti-imigração na sequência da morte de um jovem de 25 anos, assassinado por um imigrante azeri. Entretanto, a polícia moscovita já deteve o presumível autor do crime.

O presidente da câmara de Moscovo, Serguei Sobyanin, culpou esta quarta-feira os grupos extremistas pelos protestos de domingo. “Elementos extremistas juntaram-se aos populares e participaram nas manifestações”, afirmou Sobyanin durante uma entrevista à revista Kommersant-Vlast, citada pela agência governamental russa RIA Novosti.

Os confrontos ocorreram perto de uma unidade de produção de vegetais no bairro de Biriuliovo, onde o presumível autor do crime trabalhava. Uma operação policial deteve mais de 1500 imigrantes que trabalhavam no local e que se preparavam para se manifestar. A polícia justificou as detenções como forma de evitar novos confrontos.

A possibilidade de se originarem novos focos de violência foi admitida por algumas organizações, numa altura em que ainda se celebra a festa muçulmana do Eid al-Adha, que termina esta noite. A polícia colocou barreiras de protecção e detectores de metais à entrada da principal mesquita de Moscovo, segundo a Reuters.

O fluxo de imigrantes das antigas repúblicas soviéticas tem sido mal visto pelos russos, que exigem que o Governo imponha uma política mais restritiva na concessão de vistos. O Kremlin encontra-se numa posição intermédia, entre o reconhecimento da importância que a imigração tem para a economia do país e o apaziguamento das tensões sociais.

Em 2010, episódios de violência semelhantes ocorreram depois do assassinato de um cidadão russo, atribuído a um imigrante do Cáucaso, durante uma discussão após um jogo de futebol.
 
 

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