Polícia identificou suspeito do homicídio que originou confrontos em Moscovo

O indivíduo é um imigrante proveniente do Azerbaijão. Violência pode aumentar quando se comemora feriado muçulmano.

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Oração ao ar livre da comunidade muçulmana em Moscovo: temem-se novos confrontos Sergei Karpukhin/REUTERS

A polícia de Moscovo identificou nesta terça-feira um suspeito pela morte do jovem no bairro de Biriuliovo, no sudoeste da capital russa, que esteve na origem dos tumultos do fim-de-semana. Trata-se de um imigrante oriundo do Azerbaijão, que ainda está a monte. Numa altura em que se celebra o feriado muçulmano do Eid al-Adha, teme-se que os confrontos entrem numa nova escalada.

“Segundo as nossas informações, trata-se de Orkhan Zeinalov, proveniente do Azerbaijão”, anunciou Andrei Galiakberov, um porta-voz da polícia de Moscovo, citado pela AFP. A polícia, de acordo com o El Mundo, aconselhou ainda os moscovitas a “tomar precauções” e a evitar contacto visual com o suspeito.

A morte de Yegor Shcherbakov, de 25 anos, na última quarta-feira, por um imigrante deu origem a violentos protestos anti-imigração que causaram o caos no sul de Moscovo. Cerca de 400 pessoas foram detidas durante os distúrbios de domingo, mas apenas três irão ser presentes a tribunal, adiantou a agência noticiosa russa RIA Novosti.

O chefe da polícia do bairro onde ocorreram os distúrbios, Guennadi Kaverin, foi demitido esta terça-feira, de acordo com a agência Efe.

Os confrontos ocorreram perto de uma unidade de produção de vegetais no bairro de Biriuliovo, onde o presumível autor do crime trabalhava. Uma operação policial deteve mais de 1500 imigrantes que trabalhavam no local e que se preparavam para se manifestar. A polícia justificou as detenções como forma de evitar novos confrontos.

Grupos de apoio já avisaram as comunidades imigrantes, sobretudo oriundas de países muçulmanos da Ásia Central e do Cáucaso, para o risco de mais confrontos. A comemoração do feriado islâmico do Eid al-Adha pode provocar um agudizar das tensões e a polícia já colocou barreiras de protecção e detectores de metais à entrada da principal mesquita de Moscovo, segundo a Reuters.

Os confrontos dos últimos dias fizeram 23 feridos, entre os quais dois polícias, que estão ainda hospitalizados.

Os protestos dos habitantes do bairro de Biriuliovo foram aproveitados e amplificados por grupos de ultranacionalistas, contava ontem a correspondente do Le Monde em Moscovo. “A partir de uma simples manifestação dos habitantes de um bairro-dormitório de Moscovo, os ultranacionalistas exploraram o que se passava para lançar um ataque contra as lojas alegadamente detidas pelos nacionais da Ásia Central ou do Cáucaso”, explicou Marie Jégo.

O influxo de imigrantes das antigas repúblicas soviéticas tem sido mal visto pelos russos, que exigem que o Governo imponha uma política mais restritiva na concessão de vistos. O Kremlin posiciona-se numa posição intermédia, entre o reconhecimento da importância que a imigração tem para a economia do país e o apaziguamento das tensões sociais.

Em 2010, episódios de violência semelhantes ocorreram depois do assassinato de um cidadão russo atribuído a um imigrante do Cáucaso durante uma discussão após um jogo de futebol.

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