Fitch diz que as novas reformas não melhoram o risco da dívida de Espanha

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Foto: Paul Hanna/ Reuters (arquivo)

A agência de notação Fitch considera que o novo pacote de reformas estruturais anunciado na semana passada pelo Governo espanhol não melhora a classificação (rating) do risco da dívida do país, actualmente em BBB com perspectiva negativa.

Apesar das medidas de ajuste adoptadas, esta agência de rating explica que o Orçamento do Estado espanhol para 2013 já se desviou do compromisso de consolidação feito em Julho e diz duvidar de que a meta dos 4,5% de défice estimada para o próximo ano seja conseguida.

As previsões da Fitch apontam para um défice de 5% em 2013. Também a contracção da economia prevista pelo Governo espanhol, de 0,5%, é considerada optimista. A agência prevê uma queda de 1,5%. O mesmo cenário é apresentado no que se refere ao desemprego, que a Fitch espera que aumente.
Por outro lado, as regiões autónomas espanholas “ainda precisam de adoptar medidas efectivas para alcançar o défice de 1,5% este ano”. Ainda que os números registados na primeira metade do ano “sugiram estar-se no bom caminho”, os valores incluem receitas extraordinárias referentes a um acordo fiscal de 2010, lembra a agência de notação, adiantando que as regiões da Extremadura, Múrcia e Navarra já ultrapassaram a meta dos 1,5%.

Orçamento austero

O Governo espanhol aprovou, na semana passada, o Orçamento do Estado mais austero dos últimos anos, no qual são adoptadas reformas estruturais já apresentadas a Bruxelas.

Em termos globais, o Orçamento do Estado tem como meta um ajuste necessário de mais de 21 mil milhões de euros, necessário para cumprir a meta de défice fixada em 4,5% do PIB. É uma meta ambiciosa, tendo em conta que, este ano, Madrid já teve que renegociar com Bruxelas uma meta menos exigente, de 6,3% em vez de 5,3% do PIB.

No fim-de-semana, o Governo espanhol reviu o valor do défice para 2012, aumentando-o em um ponto percentual, o que, refere a Fitch, não representa uma deterioração estrutural porque a recapitalização dos bancos já foi antecipada. No entanto, o cenário “não mostra boas perspectivas em relação ao défice de 8% estimado para este ano”, admite.

“Apesar de a classificação actual conseguir absorver uma redução mais lenta do défice, mais desvios significativos terão consequências negativas no rating”, avisa a agência.

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