Três maiores bancos portugueses perderam 1099 milhões

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Maiores bancos privados fecharam com prejuízos históricos PÚBLICO

BCP, BPI e BES, os três maiores bancos privados portugueses, terminaram o último ano com prejuízos de 1098,9 milhões de euros. O pior resultado foi, de longe, o do Banco Comercial Português – o maior dos três grandes – que totalizou mais de dois terços da soma destes prejuízos históricos.

A Carlos Santos Ferreira, que está de saída da liderança executiva do BCP, coube hoje anunciar um prejuízo de 786,2 milhões de euros, no mesmo dia em que o banco confirmou que vai recorrer à linha pública de 12 mil milhões de euros prevista pela troika para se recapitalizar.

Os resultados são a confirmação daquilo que o mercado já vinha a antecipar, numa altura de particular dificuldade para a banca europeia e em que sobre o sector – ensombrado pela crise da dívida na zona euro – pesam as exigências de capitalização das autoridades europeias e o impacto negativo da exposição à dívida soberana (em particular, a grega).

Fernando Ulrich deu, como habitualmente entre os líderes dos bancos portugueses, o tiro de partida na apresentação das contas, ao confirmar ontem um prejuízo de 203,9 milhões de euros no Banco Português de Investimento em 2011, o primeiro resultado negativo anual na história da instituição.

O único banco português que não detém qualquer exposição à dívida grega é o Banco Espírito Santo. Mas não evitou um resultado negativo; registou um prejuízo de 108,8 milhões de euros.

Cada banco reflecte nas contas uma combinação particular de vários impactos negativos. Mas no exercício dos três há um factor comum: os custos associados à transferência de parte dos fundos de pensões dos colaboradores para a Segurança Social, uma medida extraordinária decidida pelo Governo para ser cumprida a meta do défice de 5,9% em 2011.

No caso do BCP, o prejuízo do banco deve-se, em particular, a este impacto e à exposição à Grécia. A instituição reconheceu em 2011 perdas por imparidade de títulos de dívida pública helénica no valor de 345,7 milhões de euros e ainda outras imparidades relacionadas com o banco Millennium Bank, de 147,1 milhões de euros.

Com a transferência de fundos de pensões, contabilizou encargos de 117 milhões de euros.

Para o BPI, o impacto da exposição à Grécia foi de 339 milhões de euros de imparidades que o banco teve de reconhecer. Da transferência do fundo de pensões para a Segurança Social, a instituição liderada por Fernando Ulrich teve encargos de 71 milhões de euros.

Já o banco liderado por Ricardo Salgado apurou um prejuízo com a transferência do fundo de pensões de 107 milhões de euros e sofreu ainda o impacto negativo do “processo de desalavancagem financeira [desendividamento]” e do reconhecimento de outras imparidades, explicou o banco.

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