Quem partilha música online é também quem mais compra

Foto
O Napster, já extinto, foi um dos programas incluídos no estudo como sendo utilizado para partilha ilegal de ficheiros Jeff Christensen/Reuters

Um estudo realizado no Reino Unido mostra que os jovens e adultos que admitem fazer downloads ilegais são também quem mais dinheiro gasta em música. Este investimento representa uma diferença de mais de 36 euros para os inquiridos que afirmam não fazerem downloads pirata.

O estudo, elaborado sobre um universo de 1008 indivíduos entre os 16 e os 50 anos durante o último ano, mostra que perto de um em cada dez pessoas admitiu fazer downloads ilegais. No entanto, cada oito em dez desse grupo de inquiridos também compra música em CD, vinil e MP3, o que corresponde a cerca de 85 euros gastos por mês.

Peter Bradwell, da Demos, empresa que realizou o estudo, afirma que “os políticos e as empresas de música precisam de reconhecer que a natureza do consumo musical mudou e os consumidores estão a exigir preços mais baixos e um acesso mais fácil à música".

Numa altura em que se discute qual o desfecho legal para quem incorre frequentemente nesta prática, este elemento surge como um argumento do lado de quem partilha música online.

Tendo em conta que uma das maiores críticas à partilha de ficheiros é o impacto negativo que isso tem nas vendas dos artistas, conclusões como a deste estudo retiram força ao argumento frequentemente utilizado pela indústria musical de que a pirataria está na base do declínio das receitas.

Em Portugal, apesar de não haver estudos actualizados sobre o assunto, “não está provado que quem recorre à Internet [para fazer downloads sem autorização do autor] é quem mais consome música”, assegura o director-geral da Associação Fonográfica Portuguesa. Eduardo Simões, disse ao PÚBLICO que as conclusões até agora tiradas são “de sinal contrário” às do estudo inglês. “Não é obrigatório que quem recorre à Internet [para piratear] seja quem mais compra música”.

Sugerir correcção
Comentar