Brett Kavanaugh mais perto de ser nomeado juiz do Supremo norte-americano

Um dos senadores do Partido Republicano que estava indeciso anunciou que vai aprovar a nomeação em sede de Comissão de Justiça, esta sexta-feira. Era um passo essencial em direcção à votação final, que deverá ter lugar terça-feira.

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O republicano Chuck Grassley, presidente da Comissão de Justiça do Senado Reuters/JIM BOURG

Um dia depois de uma longa e histórica audição no Senado, em que a professora universitária Christine Blasey Ford acusou o juiz Brett Kavanaugh, candidato ao Supremo Tribunal dos EUA, de a ter tentado violar quando ambos eram adolescentes, o Partido Republicano confirmou esta sexta-feira que vai mesmo votar para enviar o processo para a última etapa: a votação final no Senado, que deverá acontecer na terça-feira.

O que está em causa esta sexta-feira é a votação na Comissão de Justiça do Senado, e não a votação final para confirmar o juiz Brett Kavanaugh como novo membro do Supremo Tribunal.

Se a comissão aprovar esta sexta-feira a nomeação (o que deverá acontecer com os votos a favor dos 11 senadores republicanos e contra dos dez democratas), o processo segue para o plenário do Senado, para a votação final. Em princípio, na próxima terça-feira os 100 senadores de ambos os partidos irão votar, e a nomeação do juiz Kavanaugh será confirmada se pelo menos 50 dos 51 senadores do Partido Republicano votarem a favor (a confirmação precisa de 51 votos, mas em caso de empate quem desempata é o vice-presidente dos EUA, o republicano Mike Pence).

Mas a discussão que está a decorrer esta tarde, na Comissão de Justiça do Senado, ficou marcada por outro acontecimento histórico: pelo menos quatro dos dez senadores do Partido Democrata na comissão abandonaram a sala, em protesto, enquanto o presidente da comissão, o republicano Chuck Grassley, estava a falar.

A proposta de Grassley para que a votação seja feita ainda esta sexta-feira foi aprovada com os votos dos 11 senadores do Partido Republicano na Comissão de Justiça e com os votos contra dos dez senadores do Partido Democrata (o Partido Republicano está em maioria na comissão porque está em maioria no Senado). Mas só oito desses dez senadores democratas declararam a sua oposição com um "não" em voz alta – os senadores Cory Booker (Nova Jérsia) e Kamala Harris (Califórnia) ficaram sentados, em silêncio, enquanto abanavam a cabeça em sinal de protesto.

A revolta dos senadores do Partido Democrata começou assim que os senadores do Partido Republicano rejeitaram uma moção para intimar mais uma testemunha a comparecer perante a comissão: Mark Judge, o amigo de Brett Kavanaugh que Christine Blasey Ford acusa de ter testemunhado o ataque, que terá ocorrido no Verão de 1982.

Em resumo, o que o Partido Democrata exige é que a Comissão de Justiça do Senado ouça Mark Judge sob juramento e que as acusações de Christine Blasey Ford – e de Deborah Ramirez e Julie Swetnick – sejam investigadas pelo FBI, antes de uma votação pela comissão.

O Partido Republicano acusa o Partido Democrata de ter organizado uma campanha contra o juiz Kavanaugh por ele ser uma escolha do Presidente Donald Trump, e descreve Christine Blasey Ford como uma mulher "admirável", mas "confusa" e susceptível a ser manipulada pelo Partido Democrata.

As cenas emotivas continuaram fora da sala onde está reunida a Comissão de Justiça. Uma mulher que diz ter sido vítima de abusos sexuais, e que estava a protestar contra a nomeação do juiz Brett Kavanaugh, apanhou o senador republicano Jeff Flake num elevador e questionou-o sobre o seu sentido de voto.

Flake faz parte da Comissão de Justiça do Senado e era um dos três senadores do Partido Republicano (juntamente com as senadoras Lisa Murkowski e Susan Collins) que estavam indecisos sobre o seu sentido de voto na votação final de terça-feira. Por extensão, o senador do Arizona estava também indeciso sobre o seu sentido de voto esta tarde, na Comissão de Justiça, mas entretanto anunciou que irá aprovar a nomeação de Brett Kavanaugh, o que praticamente garante que o processo vai mesmo chegar ao plenário do Senado, para conclusão.

Contas feitas, com a votação desta sexta-feira assegurada, a liderança do Partido Republicano apenas tem de garantir que uma das duas senadoras indecisas (Lisa Murkowski ou Susan Collins) votem a favor de Brett Kavanaugh na terça-feira para que o juiz chegue ao Supremo Tribunal. Mesmo que uma delas vote contra, o resultado final será 50-50, e nesse caso o vice-presidente dos EUA, Mike Pence, será chamado a desempatar, na sua qualidade de presidente do Senado por inerência.

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