Investimento: deve-se fazer “tudo o que é necessário” sem ser mais do que “podemos”

Na cerimónia de posse de 386 novos guardas prisionais, António Costa deixou um recado à sua esquerda: é preciso investimento em todas as áreas do Estado mas este tem que ser contido para não criar "novos problemas".

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Cerimónia de na posse de 386 novos guardas prisionais LUSA/TIAGO PETINGA

O primeiro-ministro defendeu esta segunda-feira o investimento da parte do Estado para "responder às necessidades do país", "sem criar novos problemas" financeiros. António Costa, que falava na posse de 386 novos guardas prisionais, "a maior incorporação na história dos serviços" prisionais, no Estabelecimento Prisional da Carregueira, no concelho de Sintra, deu o exemplo da necessidade de esforço em continuar a investir em sectores do Estado como a saúde, educação ou sistema de transportes.

"Como acontece com o sistema prisional, sabemos bem que o esforço que foi feito, que corresponde à vossa incorporação, não é suficiente e tem que ser prosseguido, como tem que ser prosseguido o investimento na saúde, educação e noutras nas áreas da acção do Estado", afirmou.

Contudo, alertou, para se conseguir esse objectivo, têm que se adoptar alguns cuidados. "É essencial que, em cada ano, façamos tudo o que é necessário sem fazer mais do que aquilo que podemos fazer. Só desta forma conseguiremos continuar a responder às necessidades do país, sem criar novos problemas ao país", defendeu.

E, acrescentou, os riscos podem ser grandes, numa referência ao período de crise: "Sem regressar a períodos onde, em situação de ruptura nos vimos totalmente privados de fazer os mínimos." O chefe do executivo lembrou que "o país, e em particular o Estado, está hoje particularmente descapitalizado" "É, por isso, essencial que façamos um esforço para conseguir recuperar as condições de funcionamento do Estado em todos os seus domínios", disse.

António Costa sublinhou que o Programa de Estabilidade, aprovado há dias pelo Governo, prevê, nos próximos quatro anos, "um investimento de 100 milhões de euros em instalações e equipamento para melhorar as condições dos estabelecimentos prisionais".

Elogiou o trabalho dos guardas prisionais que executam uma das "tarefas mais exigentes que o Estado tem de assegurar", até pelas condições em que o fazem, "em auto-reclusão". O desafio que estes guardas têm pela frente - 309 homens e 77 mulheres - é "um desafio imenso" que "assenta nessa maravilhosa utopia" de "acreditar que nenhum ser humano é, por natureza, criminoso" e que "todo o ser humano tem, por natureza, condições de viver em sociedade".

 De resto, o chefe do executivo afirmou ainda que vão ser contratados, este ano, mais enfermeiros (24) e mais médicos (12) para "melhorar as condições de saúde" nas prisões.

O primeiro-ministro e a ministra da Justiça, Francisca Van Dunem, tinham uma manifestação, ruidosa, de guardas prisionais à entrada da prisão da Carregueira. Por volta das 10h, os guardas prisionais começaram uma vigília organizada pelo Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional contra o regime dos novos horários. Os manifestantes usaram apitos e assobiaram para protestar e gritaram "demissão, demissão", exigindo a saída de Celso Manata do cargo de director-geral de Reinserção e Serviços Prisionais. O ruído era bem audível dentro da cadeia quando o primeiro-ministro e a ministra discursavam.

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