Giuliani na defesa de Trump para dar "um empurrãozinho" à investigação sobre a Rússia

Antigo mayor de Nova Iorque e procurador federal, amigo de longa data de Donald Trump, vai fazer a ponte com o responsável pelas investigações, Robert Mueller.

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Rudolph Giuliani chegou a ser falado para o cargo de procurador-geral Reuters/MIKE SEGAR

No vídeo, Donald Trump lança-se bruscamente sobre os seios de uma mulher "linda", atraído por um perfume irresistível, mas leva uma palmada na cara e acaba a lamentar-se perante os espectadores: "Não podem dizer que não tentei!".

Não, não é mais um vídeo comprometedor sobre a vida pessoal do Presidente norte-americano – foi filmado há 18 anos e a mulher "linda" é o então mayor de Nova Iorque, Rudolph Giuliani, na pele do seu alter ego de eleição para efeitos humorísticos: uma mulher da alta sociedade, de farta cabeleira loura e vestido cor-de-rosa, chamada Rudia.

O momento encenado por Trump e Giuliani para o espectáculo anual do grupo de jornalistas/humoristas Inner Circle, no ano 2000, serve para ilustrar a relação longa e próxima entre os dois homens. Ao anunciar a nomeação de Rudolph Giuliani para fazer parte da equipa de advogados que lida com a investigação do procurador especial Robert Mueller, Trump dá sinais de querer rodear-se de advogados competentes e com grande influência no sistema judicial norte-americano, mas que também pensem precisamente como ele – ou que sejam, pelo menos, tão leais que estejam dispostos a executar a estratégia desenhada por ele, quando ele não concordar com a estratégia desenhada por eles.

As mais recentes mexidas na equipa de advogados pessoais de Trump apontam para isso mesmo: há um mês, o principal advogado para os assuntos relacionados com as investigações sobre a Rússia, John Dowd, abandonou o barco quando percebeu que não conseguia convencer o Presidente a responder às perguntas do procurador especial, Robert Mueller. Para o seu lugar entram três antigos procuradores federais: Giuliani e o casal Jane Serene Raskin e Marty Raskin, advogados com décadas de experiência em casos de crimes de colarinho branco e muito respeitados no país.

Para além de ser amigo de longa data de Trump, Rudolph Giuliani pode ser muito útil para a defesa do Presidente porque foi procurador federal durante quase seis anos no Distrito Sul de Nova Iorque – não por acaso, o distrito onde decorre a investigação a outro dos advogados pessoais de Donald Trump, Michael Cohen.

Numa entrevista à CNN, Rudolph Giuliani, que é também amigo de longa data do procurador Robert Mueller, disse que as investigações sobre as suspeitas de conluio entre a campanha eleitoral de Donald Trump e a Rússia "precisam de um empurrãozinho" – a sua função é conversar com Mueller e com Trump para alinhar as exigências do primeiro com as concessões do segundo, e esperar que isso apresse a conclusão das investigações.

Ao regressar ao círculo mais próximo de Trump, Rudolph Giuliani regressa também à época em que pensava ser ele o escolhido para o cargo de attorney general (equivalente a uma mistura de ministro da Justiça com procurador-geral) – em vez dele, Trump acabou por nomear Jeff Sessions e o antigo mayor de Nova Iorque afastou-se dos holofotes. Um caminho igual ao que foi traçado pelo antigo governador de Nova Jérsia, Chris Christie – também ele um experiente advogado, Christie passou de adversário de Trump nas primárias do Partido Republicano a apoiante indefectível do candidato Trump, antes de se afastar quando percebeu que nunca foi um candidato sério a attorney general.

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