Principal advogado de Donald Trump apresenta demissão

John Dowd estava descontente com as desautorizações do Presidente norte-americano e sai dias depois de ter pedido o fim da investigação especial sobre a Rússia.

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Dowd era responsável pela defesa de Trump enquanto cidadão e empresário Reuters/Brendan McDermid

O principal advogado de Donald Trump para os assuntos relacionados com as suspeitas sobre a Rússia, John Dowd, apresentou esta quinta-feira a demissão. Não são conhecidas as razões da saída, mas os jornais americanos dizem que Dowd queixava-se de ser constantemente desautorizado pelo Presidente.

A saída de John Dowd é a segunda mexida na equipa jurídica pessoal de Trump esta semana. Na segunda-feira, o Presidente anunciou a contratação de Joseph E. diGenova, um advogado que tem defendido, no canal Fox News, que a investigação sobre a Rússia foi fabricada pelo FBI e pelo Departamento de Justiça, ainda no tempo de Barack Obama – segundo esta tese, o objectivo era dar uma machadada final a Donald Trump depois de uma derrota nas urnas contra Hillary Clinton.

Dowd estava na equipa de Donald Trump desde o Verão do ano passado e representava exclusivamente o cidadão e empresário Trump – a tarefa de defender o Presidente Trump é liderada por Ty Cobb, que também chegou à Casa Branca no Verão do ano passado.

Há semanas que se falava de uma possível mudança na equipa de advogados que tem guiado Trump pela investigação sobre as suspeitas de conluio com a Rússia – uma investigação do Departamento de Justiça liderada pelo procurador especial Robert Mueller desde Maio do ano passado, e que passou a incluir suspeitas de obstrução da Justiça por parte do Presidente Trump e de crimes económicos e financeiros por parte do empresário Trump.

No fim-de-semana passado, John Dowd surgiu publicamente a pedir o fim da investigação do procurador Robert Mueller, primeiro dizendo ao site The Daily Beast que estava a falar em representação do Presidente Trump, e mais tarde dizendo ao mesmo site que estava a falar em nome pessoal.

Desde que chegaram à Casa Branca, no Verão de 2016, Dowd e Cobb têm aconselhado o Presidente a colaborar com a investigação. Segundo os jornais norte-americanos, os advogados chegaram a garantir a Trump que o procurador especial deixaria de incomodá-lo até ao Natal do ano passado, mas a investigação parece estar cada vez mais perto do Presidente.

Neste momento, os advogados de Trump estão a discutir a melhor estratégia a seguir se o procurador Mueller decidir fazer perguntas ao Presidente, por escrito ou pessoalmente. Os jornais americanos avançaram na noite de quarta-feira que a equipa do procurador especial já transmitiu aos advogados da Casa Branca os assuntos que quer ver esclarecidos, mas ainda não é certo que o Presidente queira responder.

Donald Trump disse várias vezes em público que não tem nenhum problema em responder às questões de Robert Mueller, mas o seu advogado pessoal sempre achou que isso não é uma boa ideia – para John Dowd, o melhor que Trump poderia fazer era mostrar que estava a colaborar com a investigação, evitar pronunciar-se sobre o caso e esperar que os documentos entregues de forma voluntária fossem suficientes para afastar Mueller da Casa Branca.

Mas a estratégia de Down parece estar longe de funcionar, e o próprio Trump começou a aparecer em público a criticar a investigação e vários responsáveis que estão ou estiveram envolvidos nela – Robert Mueller, mas também o antigo director do FBI, James Comey (despedido em Maio do ano passado); o antigo director-adjunto do FBI, Andrew McCabe (despedido na passada sexta-feira); o actual director do FBI, Christopher Wray (que se recusou a despedir McCabe); e o actual vice do Departamento de Justiça, Rod Rosenstein (que nomeou Robert Mueller para liderar as investigações).

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